O município de Niquelândia (GO), como o próprio nome indica, é uma terra rica em níquel. Para entender as relações entre os metais do solo, a vegetação e os impactos da atividade mineradora sobre organismos do solo e da água, uma equipe da Embrapa Cerrados (Planaltina - DF) está estudando os rejeitos do beneficiamento do ferroníquel e as potenciais plantas acumuladoras de níquel, entre outras atividades, na região a 330 km ao norte de Brasília.
A pesquisa, que prossegue até janeiro de 2009, data de conclusão do projeto “Avaliação ambiental em área de mineração de níquel no Brasil: perspectivas para remediação e uso sustentável” irá gerar informações úteis para a recuperação de áreas degradadas do Cerrado e para uma maior sustentabilidade ambiental da atividade mineradora de níquel. O projeto conta com a participação de 14 pesquisadores, dentre eles, doutores das universidades de Melbourne, de Paris e de Brasília. A pesquisa conta ainda com a parceria do Instituto de Pesquisa para o Desenvolvimento (IRD – França), do Instituto Nacional Politécnico de Lorraine (INPL – França) e da Codemin (Anglo American).
Caracterização microbiana
O impacto que a atividade de mineração exerce sobre a flora do Cerrado também está sendo estudado no projeto “Relações entre os metais do solo e a biodiversidade do Cerrado: ferramentas para a conservação ambiental e a recuperação de áreas degradadas do Cerrado”.
O pesquisador Eduardo Cyrino, da Embrapa Cerrados, explica que a primeira pesquisa está gerando dados para os estudos. A equipe está determinando a composição química e fazendo a caracterização microbiana do solo estéril. A análise irá determinar a viabilidade de revegetar a área minerada com plantas nativas da região. “Já existem algumas experiências de revegetação, mas principalmente com plantas forrageiras”, destaca.
Resultados preliminares
Eduardo Cyrino e a pesquisadora Leide Miranda de Andrade apresentaram os resultados preliminares e as perspectivas futuras, no dia 11 de fevereiro na Codemin, em Barro Alto (GO), município próximo a Niquelândia onde também ocorrem atividades de mineração. “No corpo do projeto existem outras áreas de pesquisa, mais especificamente na parte de geologia e mineralogia, já com muitos resultados publicados, e a parte de biologia molecular das plantas acumuladoras que está em fase inicial com objetivo de tentar conhecer o mecanismo de ação para tais plantas acumularem níquel”, explica Cyrino.
O pó de calcinação e a escória, outros dois tipos de rejeito do processo de beneficiamento do ferroníquel, também estão sendo caracterizados. As análises microbiológica, química e ecotoxicológica irão determinar a toxicidade dos rejeitos e suas necessidades nutricionais buscando viabilizar a possibilidade de plantio sobre o material. A coleta dos rejeitos é feita na área da usina Codemin, do grupo Anglo American. A empresa produz cerca de 6 mil toneladas de níquel contido em ferroníquel por ano, montante que corresponde a 30% da produção brasileira do metal. A identificação de plantas tolerantes ao níquel também está sendo feita. O analista Zenilton Miranda, conhecedor da flora herbáceo-arbustiva do Cerrado, e estagiários da Embrapa Cerrados, equipe coordenada pela pesquisadora Fabiana de Gois Aquino, está realizando os levantamentos florísticos e fitossociológicos.
Alta concentração
Segundo Miranda, o estudo é conduzido em três áreas distintas: locais com alta concentração do níquel e alta biodisponibilidade; com alta concentração e baixa biodisponibilidade, e, finalmente, áreas com baixa concentração e, portanto, baixa disponibilidade desse metal. O grupo está percorrendo as áreas pertencentes à mineradora para quantificar e identificar as espécies nativas presentes na vegetação. “A identificação das plantas que medram em locais com elevados teores de níquel é o primeiro passo para se entender os mecanismos que permitem a convivência dessas plantas com tais ambientes edáficos”, comenta Fabiana.
Fonte: Embrapa
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