segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Preços no mercado de carbono voltam a subir

Roberto do Nascimento

Especialistas do ABN-Amro Banco Real, uma das instituições mais atuantes no mundo em questões ligadas ao aquecimento global, acreditam que todos os sinais emitidos nas últimas semanas por diversos países e pelo mercado indicam que as negociações em torno do Protocolo de Kyoto, que busca evitar a emissão de gases que provocam o efeito estufa, caminham em sentido positivo.

Após várias semanas flutuando em torno de 20,00 euros, o preço do allowance (negociação de créditos de carbono entre os países da Europa) para entrega em dezembro começou a subir, informam Maurik Jehee e Desiree Hanna, responsáveis pelas vendas de crédito de carbono do Real no Brasil. A alta é atribuída, principalmente, às cotações recordes do petróleo e do gás. "O allowance fechou na quinta-feira em 21,65 euros, o patamar mais elevado dos últimos 30 dias, e os principais compradores foram companhias energéticas, enquanto as contrapartes financeiras aproveitaram o momento para reduzir suas posições, evitando desta forma uma alta maior", informam. As reduções certificadas de emissões (RCEs) também para entrega em dezembro seguiram o movimento, voltando à faixa de 15,50 a 16,00 euros. As RCEs são emitidas por países sem metas obrigatórias de redução de emissões, como Brasil, China e Índia, e vendidas aos países que assumiram compromisso de lançar na atmosfera menos gases de efeito estufa do que lançavam em 1990. "Continuamos achando, porém, que o momento é de espera para quem puder, para acompanhar como os mercados de carbono vão reagir no curto e médio prazo", observam os especialistas.

Maurik e Desiree destacam ainda os movimentos observados fora da Europa na questão do aquecimento global, com destaque para Estados Unidos e Japão. Observam que os Estados das costas leste e oeste dos EUA estão preparando mercados regionais de captura e venda de emissões evitadas (cap-and-trade), "o que, entre outras razões e pressões, levou até o presidente Bush (oriundo da ultraconservadora região centro-oeste) a colocar o assunto em sua agenda". No Japão, o ministério responsável pela economia anunciou a criação de um painel de estudos para analisar as possibilidades de intensificar as reduções de emissões daquele país. O ministério não está satisfeito com os resultados do atual esquema voluntário e deu a entender que poderá defender um mercado de cap-and-trade. "Parece que o mundo vai, passo a passo, convergindo para redução das emissões. E, cada vez mais, os instrumentos de mercado estão sendo estudados e usados como ferramenta eficiente para alcançar essas metas", concluem.

Fonte: DiárioNet

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