terça-feira, 11 de março de 2008

Energia de biomassa deixa de faturar R$ 200 mi

Roberto do Nascimento

Instituições nacionais e internacionais têm se queixado da falta de bons projetos que evitam a emissão de gases que causa o aquecimento global nos países que não têm meta de redução de emissões de acordo com o Protocolo de Kyoto. Tanto assim que, em todo mundo, apenas 3.101 projetos de mecanismo de desenvolvimento limpo (MDL) estão em algum estágio de validação, aprovação e registro. O Brasil ocupa o terceiro lugar com 274 projetos (9% do total). No conjunto, esses processos devem evitar, mundialmente, a emissão de 4,4 bilhões de toneladas de dióxido de carbono (CO2) ou seu equivalente em outros gases-estufa nos próximos sete a dez anos. No Brasil, serão 276 milhões de toneladas de CO2.

Um exemplo da falta de iniciativa brasileira na direção de projetos de MDL é a geração de energia a partir de biomassa, setor que poderia obter uma receita adicional estimada, a preço de hoje, de R$ 200 milhões com a venda de reduções certificadas de emissões, os chamados créditos de carbono. Dos 169 projetos de geração de energia já submetidos a algum estágio de aprovação, 77 referem-se a cogeração de biomassa, com capacidade para produzir 1.409,5 megawatts (MW). O número é representativo em relação ao segmento energético, mas pequeno, se comparado ao potencial do setor.

Apenas as 118 usinas que foram habilitadas a participar do leilão de energia em abril devem ter capacidade de geração de 7.500 MW, ou seja, mais de cinco vezes o que as unidades geradoras que fizeram MDL vão produzir. O MDL permite que projetos de redução de emissões de gases-estufa em países em desenvolvimento gerem certificados que são vendidos aos países com metas obrigatórias de queda na liberação dos gases causadores do aquecimento global. Numa conta simplificada, os projetos de geração de energia respondem hoje pela expectativa de redução de emissões de 127,25 milhões de toneladas de CO2, com a geração de 3.045 MW. Se todas as usinas que vão gerar os 7.500 MW para o leilão fizerem projetos de MDL, teriam direito, teoricamente, a emitir certificados equivalentes a cerca de 5 milhões de toneladas evitadas de carbono. Esse volume convertido ao preço atual de mercado da tonelada de CO2 evitada (15,50 euros/t) renderia R$ 200 milhões. As emissões têm por base a média das usinas do Estado de São Paulo que já fizeram MDL

Fonte: DiárioNet

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