Gisele Teixeira
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta sexta-feira (1), no Rio de Janeiro, que a criação do Fundo Amazônia e o encaminhamento, ao Congresso Nacional, do Projeto de Lei que cria o Fundo Nacional sobre Mudança do Clima, possibilitarão ao Brasil fazer as coisas direito e transitar em fóruns internacionais de cabeça erguida e com a sensação do dever cumprido.
Lula disse que as iniciativas são um exemplo para países que falam como se fossem donos da Amazônia mas que sequer assinaram o Protocolo de Quito. Para o presidente, é um dia extremamente importante para um país muito novo e em ao mesmo tempo com tantas responsabilidades sobre a questão climática.
Lula disse que o Brasil "quer falar grosso" nas discussões internacionais sobre o tema e lembrou de sua participação na reunião do G-8, quando destacou que o Brasil possui 85% de sua energia elétrica limpa, 25% de mistura do etanol à gasolina, 90% de seus carros novos de modelo flex-fuel e 64% de suas florestas em pé. "Quem é que pode ter esse discurso no G-8?", questionou. "O Brasil vai cumprir com suas obrigações", completou Lula.
A cerimônia ocorreu no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que fará a gestão dos dois instrumentos. Contou com a presença do ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Roussef, dos ministros da Saúde e da Ciência e Tecnologia, e do governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral. Para o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, o Brasil deu o primeiro exemplo prático pós-Quito. No caso do Fundo Amazônia, Minc disse que o instrumento é uma forma de "financiar o jeito certo".
O Fundo foi criado para captar recursos, exclusivamente por meio de doações, para financiar ações que possam contribuir para a prevenção, monitoramento e combate ao desmatamento da floresta, além de promover a conservação e o uso sustentável das florestas no bioma amazônico.
Minc destacou a soberania do fundo. "Os doadores não têm assento. Isto é, apenas os brasileiros - os governos, os cientistas, os industriais, as ongs e os sindicatos vão apitar no fundo, vão poder dizer para onde ele vai", destacou. O potencial de contribuições pode chegar a US$ 1 bilhão no primeiro ano de vigência do fundo, sendo que a expectativa é que alcance US$ 21 bilhões até 2021. De acordo com Minc, além da Noruega, que já se comprometeu a depositar US$ 100 milhões este ano, outros dois países, a Alemanha e a Suíça, além de três empresas brasileiras, já se mostraram dispostas a doarem recursos.
O decreto que cria o fundo, assinado nesta sexta-feira pelo presidente Lula, determina que o BNDES coordenará as captações de doações. O instrumento apoiará projetos que visem os seguintes objetivos: gestão de florestas públicas e áreas protegidas; controle, monitoramento e fiscalização ambiental; manejo florestal sustentável; atividades econômicas desenvolvidas a partir do uso sustentável da floresta; zoneamento ecológico- econômico, ordenamento e regularização fundiária; conservação e uso sustentável da biodiversidade; e recuperação de áreas desmatadas.
As ações do fundo devem considerar o Plano Amazônia Sustentável de Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia. Adicionalmente, poderão ser aplicados até 20% dos recursos do Fundo Amazônia no desenvolvimento de sistemas de monitoramento e controle do desmatamento em outros biomas brasileiros e em outros países tropicais.
Fundo Clima
Com as alterações, esse dinheiro poderá ser utilizado, por exemplo, para estudos e projetos de prevenção e mitigação às mudanças climáticas; em novas práticas e tecnologias menos poluentes, incluindo ações para tratamento de resíduos e rejeitos oleosos e outras substâncias nocivas e perigosas.
O Fundo é considerado estratégico para implementação da Política Nacional sobre Mudança do Clima, enviada ao Congresso Nacional no dia 5 de junho deste ano, e do Plano Nacional sobre Mudança do Clima, em elaboração pelo governo federal.
Protocolo Verde
Fonte: MMA
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