quinta-feira, 29 de abril de 2010

Morre o demógrafo Daniel Hogan

Por Fábio Reynol, da Agência FAPESP

Faleceu na madrugada de terça-feira (27/4), aos 67 anos, o professor Daniel Joseph Hogan, do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Estadual de Campinas (IFCH-Unicamp), em decorrência de câncer. O sepultamento foi realizado no dia seguinte no Cemitério Flamboyant, em Campinas (SP).

Hogan foi pró-reitor de Pós-Graduação da universidade de 2002 a 2005 e possuía vasta produção científica na área de demografia. Atuou junto aos Núcleos de Estudos da População (Nepo) e de Estudos e Pesquisas Ambientais (Nepam), centros de pesquisa que ajudou a criar.

Nascido nos Estados Unidos, Hogan graduou-se em 1964 em letras pela universidade Le Moyne Collegem e fez mestrado em sociologia do desenvolvimento (1968) e o doutorado em sociologia e demografia (1974), ambos pela Universidade Cornell.

Hogan ministrava na Unicamp aulas nos cursos de pós-graduação de demografia, de ambiente e sociedade e de geografia. Suas atividades de pesquisa se concentravam nas relações entre dinâmica demográfica e mudança ambiental, focando também as dimensões humanas das mudanças ambientais globais.

Figurava entre os principais pesquisadores do Projeto Temático “Crescimento urbano, vulnerabilidade e adaptação: dimensões social e ecológica da mudança climática na costa de São Paulo”, coordenado pela professora Lucia da Costa Ferreira e que está inserido no Programa FAPESP de Pesquisa sobre Mudanças Climáticas Globais (PFPMCG).

Para o reitor da Unicamp, Fernando Costa, Hogan contribuiu de maneira significativa não só como destacado pesquisador de demografia, mas também como pró-reitor da universidade. “Foi um exemplo de dedicação à ciência e à instituição. Sem dúvida, é uma perda importante para a Unicamp”, disse.

De acordo com a diretora do Nepo, Regina Maria Barbosa, Hogan criou a área de população e ambiente no Brasil e na América Latina e foi um grande formador de pesquisadores durante os 35 anos de carreira na Unicamp.

“Com a sua capacidade de articulação e diálogo, conseguiu criar uma ampla rede de pessoas dedicadas a pensar e trabalhar por um mundo mais sustentável, justo e humano”, disse.

O trabalho de Hogan na identificação de áreas vulneráveis aos efeitos das mudanças climáticas nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro, feito em parceria com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), recebeu destaque recente na imprensa após os deslizamentos ocorridos em Niterói e na capital fluminense.

Original e imaginativo
De acordo com o diretor científico da FAPESP, Carlos Henrique de Brito Cruz, além de se destacar na pesquisa, Hogan deu outras importantes contribuições às instituições pelas quais passou.

“Daniel foi um pesquisador original e imaginativo que, além da contribuição científica, foi determinante para várias iniciativas institucionais. Como pró-reitor de pós-graduação da Unicamp foi determinante para o sucesson dos programas da universidade em uma fase de crescimento da pós-graduação”, disse.

Segundo Brito Cruz, as contribuições de Hogan também foram importantes para a FAPESP. “Na Fundação, sua participação foi determinante para trazer uma visão multidisciplinar com foco nas humanidades para programas como o Biota e o Programa FAPESP de Pesquisa sobre Mudanças Climáticas Globais”, disse.

Brito Cruz também destacou a serenidade e a precisão nas palavras, traços que marcavam a personalidade de Hogan. “Seu modo tranquilo de debater, sempre com tom suave, palavras bem escolhidas e ideias fundamentais definiram o resultado de muitas discussões científicas e institucionais e estabelecem um modelo para a vida acadêmica. Sua ausência será muito sentida”, disse.

Um comentário:

Fran disse...

Uma das pessoas mais ilustres, generosas e competentes que conheci. Tive o prazer de tê-lo como orientador e incentivador de pesquisa de mestrado. fará muita falta, sem dúvida uma perda irreparável.