sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Farinhas de linhaça e berinjela: contra a obesidade e doenças cardiovasculares


Entre os alimentos considerados saudáveis, a linhaça tem se destacado como auxiliar para redução de peso

Débora Motta, da Agência Faperj

A máxima “você é o que você come” é uma alusão à importância de se adotar uma alimentação saudável para alcançar o bem-estar – apesar de todas as tentações hipercalóricas oferecidas pelas lanchonetes que promovem o estilo fast-food, com seus hambúrgueres e batatas fritas. Nesse contexto, destacam-se os alimentos funcionais, que além de suas funções nutricionais básicas apresentam outras propriedades benéficas, como a melhora do metabolismo e a redução do risco de doenças.

Entre eles, destacam-se as farinhas de berinjela e de linhaça. Longe de ser apenas produtos saudáveis que estão na moda, eles podem ser grandes aliados para combater a obesidade e, de quebra, diminuir o risco de desenvolver doenças cardiovasculares. É o que alguns estudos coordenados pela professora Glorimar Rosa, do Instituto de Nutrição Josué de Castro da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), vêm comprovando, com o apoio do programa Jovem Cientista da FAPERJ.

Farinha de berinjela
Produto ainda pouco comum no mercado, a farinha de berinjela é um dos alimentos que vem apresentando bons resultados nos testes coordenados pela nutricionista. Em um estudo piloto, ela observou os efeitos do alimento em 14 mulheres com mais de 40 anos. Todas tinham fatores de risco cardiovascular, como circunferência da cintura aumentada, hipertensão arterial e altas concentrações de colesterol e de triglicerídeos no sangue.

Essas mulheres foram divididas em dois grupos e eram sedentárias. O grupo controle foi submetido a tratamento nutricional baseado na reeducação alimentar. O outro, além da dieta, passou a consumir duas colheres de sopa diárias de farinha de berinjela. “Depois de dois meses, o grupo que consumiu a farinha perdeu, em média, seis quilos contra o grupo controle, que só perdeu três quilos”, conta Glorimar.

O produto ajudou a reduzir os níveis de colesterol total, triglicerídeos e até o ácido úrico, substância que favorece dores articulares e inflamações quando em concentrações elevadas. Ela destaca ainda que as mulheres que consumiram farinha de berinjela tiveram uma maior redução da gordura visceral, que está frequentemente associada ao desenvolvimento do diabetes tipo 2 e de doenças cardiovasculares.

Segundo a pesquisadora, um trunfo da farinha de berinjela é o alto teor de fibras, que ajuda a limitar a concentração de gorduras no sangue e a promover uma sensação de saciedade. “A farinha concentra cerca de dez vezes mais fibras do que a berinjela in natura, o que também ajuda no funcionamento do intestino. Por isso, seu consumo é melhor até do que o consumo do próprio fruto, do suco ou do chá”, completa.

A nutricionista recomenda o consumo de duas colheres de sopa de farinha de berinjela por dia. “Pode-se misturar o pó nos alimentos no momento do dia em que a pessoa normalmente tem mais fome, para ajudar a controlá-la”, diz. Misturar a farinha com iogurte ou com feijão é uma sugestão, mas a escolha do modo de consumir deve seguir o gosto de cada um. No entanto, de acordo com Glorimar, a ingestão da farinha deve ser seguida do consumo de alguma fruta cítrica, fonte de vitamina C. “Isso porque ela estimula a formação de radicais livres, que são neutralizados pela vitamina C”, justifica.

Fonte de fibras, proteínas e ômega-3, a farinha de linhaça é outro alimento funcional conhecido por reduzir as concentrações de colesterol e melhorar o funcionamento intestinal. Para testar esses efeitos, Glorimar vem recorrendo, há dois anos, a uma metodologia semelhante. Ela acompanhou durante 90 dias um grupo maior de voluntárias, dessa vez formado por 220 mulheres com diferentes graus de obesidade. Elas passaram por consultas quinzenais com nutricionistas para avaliação antropométrica e verificação da composição corporal e fizeram coletas de sangue mensais para análise do perfil lipídico, de hormônios e glicemia.

Três tipos de farinhas de linhaça foram testadas: a dourada, a marrom integral e a marrom desengordurada. Segundo a professora, os resultados foram promissores. “A linhaça marrom desengordurada parece ter efeito maior em relação à sensação de saciedade, o que ajuda a diminuir a compulsão alimentar”, diz a nutricionista. “Já a linhaça dourada parece ser mais indicada para reduzir as concentrações de colesterol no sangue, por possuir um teor mais elevado de ácidos graxos poliinsaturados”, completa. Apesar desta constatação, ela abre uma ressalva, pois a linhaça marrom geralmente é mais barata do que a dourada e também apresenta bons resultados na redução de gorduras no sangue.

De acordo com Glorimar, algumas pacientes que aderiram ao uso da farinha de linhaça junto com uma dieta equilibrada conseguiram, sempre com recomendação médica apropriada, reduzir o uso de medicamentos para baixar as taxas de colesterol, para hipertensão arterial, ou mesmo para suspendê-los. “A adesão ao tratamento nutricional com a linhaça foi realmente eficaz para melhorar o perfil lipídico, o que sai muito mais barato para o paciente do que a compra de medicamentos, além de não provocar efeitos colaterais indesejados”, avalia.

Mas uma recomendação é importante no consumo dessas farinhas. “Quem ingere farinhas de linhaça ou de berinjela tem que beber mais água para evitar o efeito de constipação intestinal”. A nutricionista destaca que o consumo da farinha de linhaça é preferível ao consumo dos grãos. “A semente da linhaça não é bem absorvida pelo organismo. Ela deve ser triturada no liquidificador ou pode-se comprar a farinha.”

Glorimar lembra que a farinha de linhaça deve ser guardada em um pote protegido da luz e dentro da geladeira. Já a farinha de berinjela pode ser armazenada em local seco. Os estudos com as farinhas de berinjela e de linhaça ainda estão em andamento na UFRJ e precisam de voluntárias. Mulheres acima do peso interessadas em participar dos testes podem se candidatar pelo e-mail: perdadepeso.ufrj@yahoo.com.br

Outros alimentos para testes
O óleo de peixe também é conhecido por suas propriedades benéficas em relação ao perfil lipídico, ou seja, por reduzir as taxas de colesterol e de triglicerídeos. Ele está sendo testado por Glorimar, que ainda não tem resultados finais em relação aos seus benefícios. Outro alvo dos testes é o ácido linoléico conjugado (CLA), um suplemento alimentar usado de forma indiscriminada nas academias com o objetivo de perder peso. “No caso do óleo de peixe e do CLA, terminamos a coleta de amostras das voluntárias e estamos concluindo as análises laboratoriais e tabulando os resultados”, conta, adiantando que a castanha e o azeite de oliva são outros alimentos funcionais que devem ter seus efeitos testados, no futuro, no Instituto de Nutrição da UFRJ.

Além de Glorimar, que acaba de lançar o livro Dieta da Linhaça (revista Saúde!, Ed. Abril, 160 pág.), participam das pesquisas a professora Claudia Bento, que coordena junto com ela o Centro de Pesquisa e Nutrição Clínica do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF), da UFRJ, e as alunas de pós-graduação em nutrição Sofia Uehara, bolsista de doutorado pela FAPERJ, Wânia Monteiro, Graziele Huguenin e Cristine Vogel.

Um comentário:

Fabia disse...

Não abro mal de ingerir linhaça todos os dias, é tão fácil ingeri-lá com sucos, vitaminas e saladas!

http://sersonhoserealidades.blogspot.com