segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Incêndios florestais são menores nas unidades de conservação atendidas pelo Bolsa Floresta

Prevenção de incêndios florestais foi incorporada logo no início da concepção do Programa Bolsa Floresta, e faz parte da primeira oficina de educação ambiental

Por Monick Maciel, da Fundação Amazônia Sustentável

Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) mostram que as unidades de conservação estaduais onde o Programa Bolsa Floresta está presente registraram, de 1º de maio a 20 de agosto deste ano, menor incidência de focos de incêndio do que outras áreas protegidas no estado do Amazonas. Em média, essas áreas tiveram 3,6 focos para cada um milhão de hectares, e as demais unidades de conservação estaduais tiveram 5,7 focos, as terras indígenas 6,5 focos e as UC´s federais 17,5 focos (Figura abaixo). O número de focos de incêndios florestais é obtido com base em imagens de 11 satélites processadas pelo INPE.

A análise foi realizada com base em recentes números divulgados pelo INPE sobre a incidência de focos de incêndio nas áreas protegidas (http://www.dpi.inpe.br/proarco/bdqueimadas/).

O Programa Bolsa Floresta é o maior projeto de pagamentos por serviços ambientais do mundo em área, totalizando mais de 10 milhões de hectares, por recompensar e melhorar a qualidade de vida das populações tradicionais pela manutenção dos serviços ambientais prestados pelas florestas tropicais, reduzindo o desmatamento e valorizando a floresta em pé. O PBF beneficia mais de sete mil famílias, o que representa mais de 30 mil ribeirinhos.

O superintendente geral da FAS, Virgílio Viana, afirma que este resultado é fruto de uma meta estabelecida (prevenção de incêndios florestais) no início do Programa Bolsa Floresta. E tem relação direta com as oficinas introdutórias do programa, onde há o ensino da educação ambiental a todos os participantes.

“A prevenção de incêndios florestais foi incorporada logo no início da concepção do Programa Bolsa Floresta. O assunto é parte da primeira oficina de educação ambiental, que é obrigatória para todos os participantes do Programa”, afirma Viana.

Durante essas oficinas do PBF também são discutidas práticas para a prevenção das queimadas, como abrir aceiros (quebra fogo ao redor dos roçados), evitar a queima de roçados em dias muito secos e com vento, com o objetivo de evitar que o fogo saia do controle e se transforme em incêndio florestal. No final dessa primeira oficina, os participantes são convidados pela FAS a assinar um termo de compromisso, que envolve quatro pontos, incluindo “fazer aceiros e usar boas práticas para evitar incêndios florestais”. Não há a proibição de queimadas para os participantes do Bolsa Floresta, pois os mesmos têm a tradição de fazer agricultura itinerante, processo que envolve a queima de capoeiras. Para estimular a redução do uso do fogo, a FAS faz um trabalho de disseminação de técnicas que eliminam a necessidade da queima, como permacultura e sistemas agroflorestais.
 
Com quatro componentes, o Programa Bolsa Floresta incentiva a produção sustentável (Bolsa Floresta Renda), investe em educação, saúde, transporte e comunicação nas unidades de conservação (Bolsa Floresta Social), beneficia famílias envolvidas na redução de desmatamentos (Bolsa Floresta Familiar) e auxilia no fortalecimento de associações de moradores e promove o controle social do programa (Bolsa Floresta Associação).

Atualmente, a FAS está presente em 15 unidades de conservação estaduais do Amazonas com o Programa Bolsa Floresta. Em todo o estado, são 41 áreas protegidas. O Bolsa Floresta foi criado em 2007 pelo Governo do Estado, que em dezembro do mesmo ano passou a gestão do programa à FAS, instituição público-privada, não governamental e de interesse público.

O vice-presidente da Associação Comunitária da RDS do Rio Negro, Nelson Brito, afirma que percebeu a redução de queimadas nas comunidades em que trabalha por meio da ACS. “Com o programa Bolsa Floresta a gente teve uma educação ambiental de como fazer os aceiros, através da oficina. Acredito que boa parte dos comunitários entendeu essa mensagem, e acredito que por isso reduziu muito, e nossa meta é reduzir 100%”, disse.

A redução de queimadas é perceptível, é o afirma o presidente da comunidade Terra Preta e tesoureiro da ACS Rio Negro, José Roberto. “O Bolsa Floresta colaborou muito com o meio ambiente, a gente começou a dar o primeiro passo nas oficinas de serviços ambientais, e hoje as famílias recebem uma ajuda como o Bolsa Floresta. E no decorrer dos encontros nós, lideranças, vamos aprendendo e repassando para toda a comunidade”, afirmou.

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