Por Elena Mandarim, da Agência Faperj
Aproveitando a passagem nesta quarta, dia 10 de novembro, do Dia Mundial da Ciência pela Paz e pelo Desenvolvimento, a Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco) apresentou uma análise sobre o desenvolvimento mundial da ciência. O Brasil, que em 2009 subiu para a 13 posição do ranking global da produção científica, foi o único país da América do Sul a ser contemplado com um capítulo exclusivo, o que destaca a influência e importância brasileira neste campo. Em sintonia com esse panorama, a Faculdade de Comunicação Social, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (FCS/Uerj), aposta no treinamento em jornalismo científico de seus alunos de graduação. Sob coordenação do professor João Pedro Dias Vieira e editoria da professora Ilana Polistchuck, funciona, desde 2000, a Agência Uerj de Notícias Científicas (Agenc), pela qual se divulga a produção científica desenvolvida pelos pesquisadores das diferentes unidades de ensino e pesquisa da universidade. “Ao agregar teoria e prática, a Agenc funciona como uma verdadeira experiência laboratorial. A peculiaridade é que ela é vinculada ao curso de jornalismo e não à assessoria de comunicação da Uerj”, diz Ilana.
A professora conta que, com os recursos obtidos com o edital Difusão e Popularização da Ciência e Tecnologia – 2007, da FAPERJ, foram adquiridos computadores mais avançados, impressoras, máquinas fotográficas, filmadoras e softwares de manutenção de site e de banco de fotos, de matérias e imagens. “Os recursos foram importantíssimos para modernizar nossos laboratórios”, diz Ilana, lembrando que todo material disponível, tanto de texto quanto fotos, tem copyright, ou seja, pode ser usado, desde que lhe seja dado o devido crédito.
A editora destaca que o principal objetivo da Agenc é formar alunos mais aptos para as exigências do jornalismo contemporâneo, que se baseia cada vez mais em dados, pesquisas, estatísticas e estudos. Para ela, a Agenc tem uma função pedagógica relevante, visto que recebe em torno de12 estagiários, por ano. “O Departamento de Jornalismo tem um grande índice de bolsistas por número de alunos, na Uerj, o que mostra o engajamento de professores e pesquisadores com a formação integral de alunos”, fala.
Segundo Ilana, mais do que promover a divulgação científica da universidade, a Agenc abrange o desenvolvimento de pesquisas na área de jornalismo científico, teoria da comunicação e tecnologias digitais. “Esses estudos são importantes porque o conhecimento produzido é aplicado diretamente na formação dos estudantes do curso de jornalismo da Uerj”, diz.
Ilana ressalta que, antes de passar para outras agências da Faculdade de Comunicação Social, como a Ajesportes, Notícias da Vila e Uerjviu, que, respectivamente, oferecem treinamento na editoria de esportes, cidade e cultura, os estagiários obrigatoriamente têm que ficar um período na Agenc. “A exigência surgiu ao observamos que, pelo fato de abordar temas mais complexos e exigir maior rigor tanto na apuração da informação quanto maior precisão na hora da redigir, o estágio em jornalismo científico cria um profissional mais bem preparado em todas as etapas da rotina da profissão: entrevista, apuração de dados e redação de matéria”, esclarece.
Diferenciais da Agenc
Ilana afirma que a Agenc permite o treinamento do jornalismo científico em diversas mídias. Ela explica que, na Agenc, os alunos aprendem a trabalhar principalmente no âmbito do jornalismo on-line e suas principais ferramentas, como Internet, sistema de indexação de artigos e banco de dados. Os estudantes se deparam também com os desafios de produzir notícias científicas com linguagem para televisão e para o rádio. "Fica faltando o treinamento fundamental em banco de dados, ferramenta que não conseguimos implementar ainda por falta de recursos humanos e tecnológicos, o que, do ponto de vista da atualidade, é um problemas para a formação do profissional de comunicação”, diz
Outro diferencial, segundo a professora, é que a Agenc atua dentro da lógica de que a imprensa, na contemporaneidade, tem um papel preponderante na divulgação científica e nas ideias que o público constrói sobre a sociedade e as ciências. Para ela, é preciso ter cuidado porque matérias de conteúdo científico estão em expansão em todas as mídias e, diferente dos outros gêneros jornalísticos, o discurso do jornalismo científico se legitima pela própria veracidade da ciência.
Ilana explica que as matérias editadas na Agenc procuram revelar os eventuais equívocos ou problemas da pesquisa científica. Outro objetivo é a busca pela pluralidade de enfoques para um mesmo tema. “Procuramos evitar o efeito impressionista dos fatos, como o observado, por exemplo, na questão do aquecimento global: alguns meios noticiosos brasileiros e internacionais só dão espaço para os pesquisadores que afirmam que a causa do aquecimento global é antropológica, sendo que há outros que defendem a tese da causa natural”, exemplifica.
Ilana lembra que a partir da pesquisa nacional sobre “Percepção Pública da Ciência e Tecnologia”, promovida pelo Ministério da Ciência e Tecnologia em parceria com Academia Brasileira de Ciências, ficou demonstrado que esses temas são de grande interesse público e, portanto, mercadorias midiáticas valiosas nos tempos modernos. “Acrescentando o fato de que a produção cientifica brasileira está em constante crescimento, pode-se afirmar que o ambiente é favorável para a Agenc, que busca o desenvolvimento prático e teórico do jornalismo científico”, conclui.
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