Bebidas, sabonetes, detergentes e picolés: é como ingrediente destes produtos que o licuri começa a ganhar destaque no Brasil, uma palmeira típica do sertão nordestino, com qualidade nutricional semelhante à do açaí, mas que ainda não caiu no gosto de atletas ou dos que preferem levar à mesa alimentos orgânicos. Produtores do vegetal, concentrados principalmente na Bahia, atribuem a situação à falta de publicidade do fruto.
De acordo com o engenheiro agrônomo José Barbosa dos Anjos, pesquisador da Embrapa Semiárido, no fruto são encontrados zinco, potássio e fósforo em quantidade superior ao do açaí.
Costuma-se quebrar os coquinhos da planta para a retirada de amêndoas. Cerca de 90% da colheita é comprada por indústrias processadoras de óleo para a produção de saponáceos e cosméticos. Os negócios em torno da palmeira ainda se estendem à venda da casca, destinada à produção de tijolos e telhas. Em 2009, o preço da palmeira chegou a R$ 28 a tonelada.
Segundo Barbosa, o rendimento da extração manual de coco licuri é muito baixo para os agricultores. Em tese, eles recebem R$ 1 por quilo de amêndoas comercializadas. Ainda que revele uma atividade de subsistência, o comércio em torno dessa palmeira produz reflexos positivos nos indicadores socioeconômicos baianos, gerando renda e empregos.
Por este motivo, nos últimos dois anos, o pesquisador coordenou o projeto “Estratégias de aproveitamento dos coprodutos do licuri na alimentação humana e animal”, que avaliou o fruto como ingrediente na preparação de alimentos, além de apresentar técnicas de pré-processamento para consumo in natura da polpa ou suco pasteurizado. Se processada, a amêndoa adquire cor branca, podendo ainda concorrer com produtos à base de coco.
“Ao agregar valor ao fruto da espécie nativa, além de ampliar sua valorização, fortalece e confere sustentabilidade a um negócio extrativista que se expande por extensa área do semiárido brasileiro”, conclui Barbosa.
Fonte: Globo Rural
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