sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Mostra científica do IV CBJA recebe trabalhos até dia 10

Entre os dias 17 a 19 de novembro, a cidade do Rio de Janeiro recebe o I Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo Ambienta (ENPJA), que faz parte da programação do IV Congresso Brasileiro de Jornalismo Ambiental (CBJA). Quem quiser enviar trabalhos para a mostra, deve ficar ligado no prazo que vai até o dia 10 de outubro.

Em sua primeira edição o ENPJA tem o objetivo de fortalecer o espaço científico do congresso entre as instituições de ensino superior e as de financiamento de pesquisas, que ainda veem a comunicação mais como prática do que como ciência.

Segundo um dos coordenadores da mostra, Fabrício Ângelo, essa é uma oportunidade para que pesquisadores, docentes e discentes possam se encontrar e dialogar sobre seus trabalhos e trajetórias na área. "Nosso congresso ainda é visto pelas instituições de pesquisa como um evento mais profissional do que acadêmico, o que dificulta principalmente a obtenção de recursos federais. Então resolvemos nomear a mostra, para assim dar mais visibilidade as pesquisas que vem sendo desenvolvidas em todo o país na área de comunicação e meio ambiente", disse.

Ainda de acordo com a coordenação do ENPJA, o evento é um incentivo para que sejam abertas mais linhas e grupos de pesquisas na área. "A maioria dos cursos de graduação em comunicação não tem uma cadeira que aborde a questão ambiental, e ainda temos poucos cursos de pós graduação que trabalhem uma linha de pesquisa nessa temática. É importante que se abram canais para que os acadêmicos que pesquisam essa área aumentem suas publicações, seja nos periódicos, seja nos congressos", afirmou Ângelo.

A comissão científica do I ENPJA é formada por professores da UFRJ, Fiocruz, UFRGS, UNIMEP e UFOP. "Queremos que esse encontro seja o primeiro passo para que a pesquisa em comunicação e meio ambiente ganhe relevância, em um momento em que o mundo todo tenta encontrar soluções para amenizar os problemas que serão causados pela interferência do homem na natureza, e a divulgação da informação é o principal instrumento para isso", finalizou Fabrício Ângelo.

SERVIÇO:

O quê: IV Congresso Brasileiro de Jornalismo Ambiental

Onde: PUC-Rio – R. Marquês de São Vicente, 225 – Gávea, Rio de Janeiro-RJ

Quando: 17, 18 e 19 de novembro de 2011

INFORMAÇÕES PARA A IMPRENSA:

Ana Carolina Amaral: carol@envolverde.com.br / 11 8639-3152

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

IV CBJA recebe trabalhos científicos até dia 10


Quem pesquisa Comunicação e Sustentabilidade deve ficar atento ao IV Congresso Brasileiro de Jornalismo Ambiental (IV CBJA), que abre espaço em sua programação para o I Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo Ambiental. Além de oficinas e debates, o encontro conta com uma mostra científica aberta a estudantes de graduação, professores e pesquisadores de todos os níveis. 

A apresentação dos trabalhos terá três eixos temáticos: "jornalismo e meio ambiente", "modelos de divulgação de informação ambiental" e "mídias sociais e meio ambiente". A mostra científica também está recebendo propostas para mini-cursos e exposição de pôsteres. Trabalhos completos ou propostas devem ser enviados para o e-mail mostracientifica@cbja-rio2011.com.br até o dia 10 de outubro. As normas e outros detalhes estão disponíveis no edital da mostra: www.cbja-rio2011.com.br/mostra-cientifica. 

Quando e onde
O IV CBJA, realizado pela Rede Brasileira de Jornalismo Ambiental, acontece entre os dias 17 e 19 de novembro de 2011, na PUC-RIO: rua Marquês de São Vicente, 225, Gávea, Rio de Janeiro - RJ.Graças ao patrocínio master do Fundo Vale e da Petrobras e patrocínio premium de Fundação Banco do Brasil, Itaú e Caixa Econômica Federal, as inscrições para o IV CBJA serão gratuitas e já podem ser feitas pelo site www.jornalismoambiental.org.br . 

INFORMAÇÕES PARA A IMPRENSA:
Ana Carolina Amaral: carol@envolverde.com.br / 11 8639-3152

Baixada Santista ganha atlas ambiental e socioeconômico


Por Elton Alisson, da Agência FAPESP
A Baixada Santista (SP) deve receber nos próximos anos uma série de investimentos por conta do início da exploração da bacia do pré-sal e da duplicação da capacidade do Porto de Santos.
Uma ferramenta de geotecnologia desenvolvida no Laboratório de Geoprocessamento da Engenharia de Transportes da Escola Politécnica (Poli) da Universidade de São Paulo (USP) facilita e acelera a tomada de decisão para licenciar novos empreendimentos ou operações na área litorânea da região.
Em fase de desenvolvimento, o aplicativo, denominado“Atlas ambiental e socioeconômico da Baixada Santista”, começou a ser construído em 2006, com apoio da FAPESP por meio do Programa de Pesquisa em Políticas Públicas.
Atualmente, para avaliar os impactos da construção de um empreendimento ou início de operação industrial ou portuária (dragagem do canal, por exemplo) em zonas costeiras marinhas, os gestores públicos utilizam uma série de relatórios digitais ou impressos com enorme variedade de dados, podendo ultrapassar 15 volumes, que não apresentam conexão clara entre os temas.
Para facilitar e acelerar esse processo, os pesquisadores desenvolveram um Atlas, baseado em mapas temáticos, associado a um banco de dados georreferenciado da área litorânea da Baixada Santista. A ferramenta integra informações sobre meio ambiente, usos culturais e socioeconômicos da região em uma única plataforma, de fácil acesso e em linguagem simples, para melhorar o trabalho dos gestores públicos.
Por meio do Portal podem ser acessados tabelas, gráficos, vídeos e mapas de uma determinada área da região em que se pretende construir um novo empreendimento. Cruzando mapas sobre diferentes temas de interesse, é possível avaliar se o ecossistema suporta tal construção.
“É possível, por exemplo, clicar em uma determinada região do mapa para saber os níveis de contaminantes e verificar se está acima ou no limite do permitido pela Cetesb [Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental]”, disse Silvia Sartor, coordenadora do projeto, à Agência FAPESP.
Segundo ela, a ferramenta de gestão ambiental e socioeconômica é inédita e poderá ser aplicada em qualquer área, mesmo não se tratando de zona marinha costeira.
Antes de desenvolvê-la, Sartor participou da construção do Atlas de Sensibilidade Ambiental ao Óleo da Bacia Marítima de Santos para a Petrobras e o Ministério do Meio Ambiente (MMA).
Por meio dessa experiência, a pesquisadora verificou na prática a dificuldade de se obter dados de pesquisas prévias, além da fragmentação e da falta de disponibilização e padronização das informações sobre a zona costeira da Baixada Santista.
“Como não há empresa interessada em estudar o canal de São Vicente, por exemplo, que é uma área que não está industrializada, há uma enorme escassez de dados sobre aquela região”, disse.
“O único estudo prévio no Canal de Navegação do Porto de Santos disponível sobre macrobentos, grupo da fauna que é indicador de impacto ambiental, havia sido realizado em 1979. Um novo estudo só foi realizado em 2006-2008, para apoiar a pesquisa voltada a avaliar o impacto ambiental do aprofundamento do Porto de Santos, que gerou cerca de 19 volumes”, exemplificou.
Mapas temáticos
Com base na experiência adquirida, Sartor decidiu realizar um projeto de avaliação de impacto ambiental e socioeconômico na região mais amplo e com linguagem mais simplificada, de forma a possibilitar que o gestor público possa visualizar os indicadores ecológicos para tomar decisões sobre a aprovação ou não de novos empreendimentos ou operações na região.
Para isso, contou com parcerias de órgãos públicos, como o MMA, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e a Cetesb, que disponibilizaram os dados, e as empresas Imagem Soluções Espaciais e Esri, que forneceram o software, para gerar os mapas temáticos.
Sartor também recorreu a pesquisadores de diversas áreas, como biologia, ecologia, oceanografia, ciências humanas e da computação para interpretar e padronizar os dados.
“Cada tema do mapa necessita do envolvimento do especialista na área para definir padronizações que possibilitam comparar dados provenientes de diferentes estudos. E isso é bastante complexo”, disse.
Atualmente, o grupo está desenvolvendo um site na internet para facilitar o acesso aos dados e buscando patrocínio para as próximas fases do projeto. “A ferramenta já está em uma fase de construção que possibilita demonstrar sua capacidade para as agências licenciadoras como Ibama e Cetesb. Espera-se chamar o interesse dessas agências pela eficácia da ferramenta no acesso e visualização de informações, estimulando-as a exigir que os novos Estudos de Impacto Ambiental ou Relatórios de Impactos ao Meio Ambiente, elaborados por empresas que visam ao licenciamento de seus empreendimentos na região, sejam desenvolvidas nesse novo formato”, disse Sartor. 
 

Apoio ao Aquífero Guarani


Da Agência FAPESP
O Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) e a Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo lançaram em 21 de setembro o livro Subsídios ao Plano de Desenvolvimento e Proteção Ambiental da área de afloramento do Sistema Aquífero Guarani no Estado de São Paulo.
O Sistema Aquífero Guarani (SAG) é um dos mais importantes reservatórios de água doce do planeta e é compartilhado entre quatro países do Mercosul: Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai. No Brasil, estende-se por oito estados das regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul.
A área de ocorrência do SAG possui clima subtropical, recursos hídricos superficiais abundantes e cobre uma área de 1,1 milhão de km². Sua localização, associada ao grande potencial hídrico, o torna estratégico para o desenvolvimento econômico e social da região.
Para José Luiz Albuquerque Filho, pesquisador do Centro de Tecnologias Ambientais e Energéticas (Cetae) do IPT e coordenador-geral do livro, a gestão deste aquífero é fundamental para que o recurso não se perca sem trazer benefícios à sociedade.
“A área de afloramento do Sistema Aquífero Guarani é vulnerável à contaminação. Ele possui águas antigas e sua extração deve ser efetuada com critério, pois sua renovação levaria dezenas de milhares de anos”, disse.
De acordo com dados da Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb), cerca de 80% dos municípios paulistas são abastecidos, mesmo que parcialmente, por água subterrânea.
Os interessados em adquirir a versão eletrônica do livro devem fazer a solicitação pelo e-mail: SMA.imprensa@gmail.com

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Jornalistas ambientais se preparam para cobrir a RIO + 20

Os profissionais da mídia e estudantes começam a se aquecer para a cobertura da Rio+20 já em novembro deste ano, entre os dias 17 e 19. A oportunidade é o IV Congresso Brasileiro de Jornalismo Ambiental (IV CBJA), realizado na cidade do Rio de Janeiro-RJ, pela Rede Brasileira de Jornalismo Ambiental.

Quando a preocupação é com o desenvolvimento sustentável, a Rio+20 é a mais importante reunião na agenda mundial. Para colaborar com essa desafiadora cobertura da mídia, o IV CBJA contará com painéis, debates e oficinas voltados ao tema. A abertura dessa programação fica por conta do pensador Ignacy Sachs, ecossocioeconomista da École des Hautes Études en Sciences Sociales,de Paris.

Outros temas em voga na agenda ambiental brasileira também serão tratados em palestras de inspiração, painéis e oficinas do CBJA: vão desde economia verde até o uso das redes sociais, passando por espiritualidade, resíduos sólidos e impactos das mudanças climáticas. O CBJA terá inscrições gratuitas, graças ao patrocínio master de Fundo Vale e Petrobras e patrocínio premium de Fundação Banco do Brasil, Itaú e Caixa Econômica Federal. Os interessados já podem se inscrever pelo site oficial www.jornalismoambiental.org.br


SERVIÇO:
O quê: IV Congresso Brasileiro de Jornalismo Ambiental
Onde: PUC-Rio - R. Marquês de São Vicente, 225 - Gávea, Rio de Janeiro-RJ
Quando: 17, 18 e 19 de novembro de 2011

INFORMAÇÕES PARA A IMPRENSA:
Ana Carolina Amaral: carol@envolverde.com.br/ 11 8639-3152

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Reciclagem de dióxido de carbono


Por Elton Alisson

Da Agência FAPESP 

A contribuição do excesso de emissão de dióxido de carbono (CO2) para as mudanças climáticas globais tem levado a comunidade científica a buscar formas mais eficientes para estocar e diminuir o lançamento do composto para a atmosfera.

Um novo estudo realizado por pesquisadores do Laboratório de Química Orgânica Fina da Universidade Estadual Paulista (Unesp), campus de Presidente Prudente, abre a perspectiva de desenvolvimento de tecnologias que possibilitem capturar quimicamente o gás atmosférico e convertê-lo em produtos que possam ser utilizados pela indústria química para substituir reagentes altamente tóxicos utilizados hoje para fabricação de compostos orgânicos usados como pesticidas e fármacos.

Derivadas de um projeto de pesquisa apoiado pela FAPESP por meio do Programa Jovens Pesquisadores em Centros Emergentes, as descobertas do trabalho, intitulado “Estudo da fixação e ativação da molécula de dióxido de carbono com bases nitrogenadas”, foram publicadas na revista Green Chemistry, da The Royal Society of Chemistry.

O estudo demonstrou, pela primeira vez, que uma molécula, denominada DBN (uma base orgânica nitrogenada), é capaz de capturar dióxido de carbono, formando compostos (carbamatos) que podem liberar CO2 seletivamente a temperaturas moderadas. Dessa forma, a molécula poderá ser utilizada como modelo para pesquisas sobre a captura seletiva de dióxido de carbono de diversas misturas de gases.

“Essa descoberta abre perspectivas sobre como poderemos fazer com que o composto resultante da ligação da DBN com o dióxido de carbono se forme em maior quantidade. Para isso, temos que estudar possíveis modificações em moléculas que apresentem semelhanças estruturais e funcionais com a DBN para que o composto seja mais eficiente”, disse Eduardo René Pérez González, principal autor do estudo, à Agência FAPESP.

De acordo com o professor da Unesp, já se sabia que a DBN é capaz de capturar dióxido de carbono na presença de água. Por esse processo, a molécula retira um hidrogênio da água, ganha uma carga positiva (próton) e gera íons hidroxílicos (negativos) que atacam o dióxido de carbono, formando bicarbonatos.
Até então, entretanto, não se tinha demonstrado que o composto também é capaz de capturar CO2, formando carbamato, por meio de uma ligação nitrogênio-carbono tipo uretano, que tem relação direta com um processo biológico em que 10% do dióxido de carbono do organismo humano é transportado por moléculas nitrogenadas.

Em função disso, o processo também poderia ser utilizado para o tratamento de determinadas doenças relacionadas com a quantidade de CO2 e seu transporte no organismo.
“Essa descoberta nos leva a pensar que também poderíamos utilizar esse trabalho para fins bioquímicos, tentando, por exemplo, melhorar esse processo para tratamento de doenças relacionadas à concentração de dióxido de carbono nas células e alguns tecidos, como o pulmonar”, disse González.
Já na área industrial, os carbamatos – como, por exemplo, poliuretanas – derivados da captura de dióxido de carbono pela molécula DBN poderiam substituir tecnologias que utilizam reagentes altamente tóxicos, como o fosgênio, para preparação de compostos orgânicos usados como pesticidas e fármacos e em outras aplicações industriais.
Pesquisadores da Unesp de Presidente Prudente descobrem molécula capaz de capturar o gás atmosférico e convertê-lo em compostos que poderão ser utilizados no futuro por indústrias químicas (reprodução)

“A possibilidade de se utilizar o dióxido de carbono para construir ou sintetizar moléculas que contêm o agrupamento carbonílico, sem a necessidade de se usar fosgênio ou isocianatos, representaria uma grande vantagem”, disse o pesquisador.

O artigo A comparative solid state 13C NMR and thermal study of CO2 capture by amidines PMDBD and DBN (doi: 10.1039/C1GC15457E), de González e outros, pode ser lido por assinantes da Green Chemistry em http://pubs.rsc.org/en/Content/ArticleLanding/2011/GC/c1gc15457e .

Educar para a celebração da vida e da Terra

Da Carta Maior

Os analistas mais sérios da pegada ecológica da Terra nos advertem que se não cuidarmos, podemos conhecer catástrofes piores do que aquelas vividas em 2011 no Brasil e no Japão. Para se garantir, a Terra poderá, talvez, ter que reduzir sua biosfera, eliminando espécies e milhões de seres humanos.


Dada a crise generalizada que vivemos atualmente, toda e qualquer educação deve incluir o cuidado para com tudo o que existe e vive. Sem o cuidado, não garantiremos uma sustentabilidade que permita o planeta manter sua vitalidade, os ecossistemas, seu equilíbrio e a nossa civilização, seu futuro. Somos educados para o pensamento crítico e criativo, visando uma profissão e um bom nivel de vida, mas nos olvidamos de educar para a responsabilidade e o cuidado para com o futuro comum da Terra e da Humanidade. Uma educação que não incluir o cuidado se mostra alienada e até irresponsável.

Os analistas mais sérios da pegada ecológica da Terra nos advertem que se não cuidarmos, podemos conhecer catástrofes piores do que aquelas vividas em 2011 no Brasil e no Japão. Para se garantir, a Terra poderá, talvez, ter que reduzir sua biosfera, eliminando espécies e milhões de seres humanos.

Entre tantas excelências, próprias do conceito do cuidado, quero enfatizar duas que interessam à nova educação: a integração do globo terrestre em nosso imaginário cotidiano e o encantamento pelo mistério da existência.


Quando contemplamos o planeta Terra a partir do espaço exterior, surge em nós um sentimento de reverência diante de nossa única Casa Comum. Somos insepráveis da Terra, formamos um todo com ela. Sentimos que devemos amá-la e cuidá-la para que nos possa oferecer tudo o que precisamos para continuar a viver.

A segunda excelência do cuidado como atitude ética e forma de amor é o encantamento que irrompe em nós pela emergência mais espetacular e bela que jamais existiu no mundo que é o milagre, melhor, o mistério da existência de cada pessoa humana individual. Os sistemas, as instituições, as ciências, as técnicas e as escolas não possuem o que cada pessoa humana possui: consciência, amorosidade, cuidado, criatividade, solidariedade, compaixão e sentimento de pertença a um Todo maior que nos sustenta e anima, realidades que constituem o nosso Profundo.


Seguramente não somos o centro do universo. Mas somos aqueles seres, portadores de consciência e de inteligência. pelos quais o próprio Universo se pensa, se conscientiza e se vê a si mesmo em sua esplêndida complexidade e beleza. Somos o universo e a Terra que chegaram a sentir, a pensar, a amar e a venerar. Essa é nossa dignidade que deve ser interiorizada e que deve imbuir cada pessoa da nova era planetária.


Devemos nos sentir orgulhosos de poder desempenhar essa missão para a Terra e para todo o universo. Somente cumprimos com esta missão se cuidarmos de nós mesmos, dos outros e de cada ser que aqui habita.


Talvez poucos expressaram melhor estes nobres sentimentos do que o exímio músico e também poeta Pablo Casals. Num discurso na ONU nos idos dos anos 80 dirigia-se à Assembléia Geral pensando nas crianças como o futuro da nova humanidade. Essa mensagem vale também para todos nós, os adultos. Dizia ele:


A criança precisa saber que ela própria é um milagre, saber, que desde o início do mundo, jamais houve uma criança igual a ela e que, em todo o futuro, jamais aparecerá outra criança como ela. Cada criança é algo único, do início ao final dos tempos. E assim a criança assume uma responsabilidade ao confessar: é verdade, sou um milagre. Sou um milagre do mesmo modo que uma árvore é um milagre. E sendo um milagre, poderia eu fazer o mal? Não. Pois sou um milagre. Posso dizer Deus ou a Natureza, ou Deus-Natureza. Pouco importa. O que importa é que eu sou um milagre feito por Deus e feito pela Natureza. Poderia eu matar alguém? Não. Não posso. Ou então, um outro ser humano que também é um milagre como eu, poderia ele me matar? Acredito que o que estou dizendo às crianças, pode ajudar a fazer surgir um outro modo de pensar o mundo e a vida. O mundo de hoje é mau; sim, é um mundo mau. E o mundo é mau porque não falamos assim às crianças do jeito que estou falando agora e do jeito que elas precisam que lhes falemos. Então o mundo não terá mais razões para ser mau.


Aqui se revela grande realismo: cada realidade, especialmente, a humana é única e preciosa mas, ao mesmo tempo, vivemos num mundo conflitivo, contraditório e com aspectos terrificantes. Mesmo assim, há que se confiar na força da semente. Ela é cheia de vida. Cada criança que nasce é uma semente de um mundo que pode ser melhor. Por isso, vale ter esperança. Um paciente de um hospital psiquiátricoque visitei, escreveu, em pirografia, numa tabuleta que ma deu de presente:”Sempre que nasce uma criança é sinal de que Deus ainda acredita no ser humano”. Nada mais é necessário dizer, pois nestas palavras se encerra todo o sentido de nossa esperança face aos males e às tragédias deste mundo.

Leonardo Boff é teólogo e escritor.