terça-feira, 1 de maio de 2012

Crescimento das áreas urbanas influencia no aumento das ilhas de calor

Por Naira Nascimento, da Fapeam

Manaus é uma das cidades mais quentes do País. Quem mora ou vem a passeio à capital amazonense acaba sentindo isso na pele, mas os alunos do Centro Municipal de Educação de jovens e Adultos Professor Samuel Isaac Benchimol (Cemeja) resolveram ir além do conhecimento popular e, com o incentivo da professora Telma Santos do Nascimento, desenvolveram o projeto de Caracterização da temperatura relativa do ar na zona leste de Manaus.

O projeto faz parte do Programa Ciência na Escola (PCE), financiado pelo Governo do Amazonas, por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM), em parceria com as secretarias de educação Municipal e Estadual (Semed e Seduc), Fundação Amazonas Sustentável (FAS) e Secretaria Municipal de Itacoatiara.


O projeto tem por finalidade apontar dados que comprovem que o crescimento de áreas urbanas sem qualquer controle influencia diretamente no aumento das ilhas de calor (nome que se dá a um fenômeno climático que ocorre principalmente nas cidades com elevado grau de urbanização. Nestas cidades, a temperatura média costuma ser mais elevada do que nas regiões rurais próximas).
"Manaus apresentou um crescimento urbano muito grande depois dos anos 80. Queremos mostrar como esse crescimento afetou o clima da nossa região”, afirmou a coordenadora do projeto professora Telma Nascimento. 

Para isso, os pesquisadores saíram a campo atrás de dados. Quatro locais dentro da zona leste da cidade foram escolhidos para coleta, dois urbanizados, Portelinha e São José 2, e outros dois arborizados Bosque da Ciência e o Instituto Federal do Amazonas (Ifam). A medição da temperatura foi realizada de uma em uma hora por um tempo de dez horas diárias, os alunos utilizaram um abrigo meteorológico e um aparelho chamado termohidrômetro que mede a máxima e a mínima temperatura do ar assim como a umidade relativa do mesmo de uma em uma hora.

Fase de análise de dados
O projeto ainda está em fase de análise e tabulação do material coletado em campo mas, segundo a coordenadora Telma, dados parciais mostraram que em áreas mais urbanizadas as ilhas de calor são mais frequentes do que em locais onde não houve muito desmatamento.

Para os alunos pesquisadores quanto mais informações puderem ser coletadas, mais fácil será entender que consequências que a falta de estrutura no crescimento da cidade, como o desmatamento desenfreado, pode acarretar no clima e, consequentemente, na vida da população. 
“Se conseguirmos mostrar para o maior número de pessoas possíveis que o desmatamento e o crescimento desenfreado de grandes invasões têm uma consequência direta no clima e na vida delas, talvez assim possamos mostrar o quanto é importante preservar o verde dentro do centro urbano. Pode ser com a construção de parques, praças ou até mesmo com cada um plantando uma muda no quintal de casa", disse a pesquisadora Altacira Pereira.

O projeto encerra neste mês de abril mas, no que depender dos bolsistas e professores, com certeza a iniciativa não só vai permanecer como crescer e multiplicar. Com previsão de um novo edital do programa para o dia 29 de junho, os dados concretos da coleta serão apresentados na mostra final que será realizada no auditório da Secretaria de Educação do Município (Semed), onde todos os projetos participantes do PCE na capital, se reunirão para apresentar seus resultados finais.  


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