quarta-feira, 6 de março de 2013

Contaminação de igarapés tem grande impacto em Manaus



Com a maioria dos igarapés  de Manaus poluídos pelo processo de urbanização da cidade, a população acabou perdendo interesse por esses riachos que cortam a floresta amazônica e serpenteiam pelo meio urbano.

A começar pelo nome, de origem tupi-guarani, que significa ‘caminho de canoa’, outros fatos também são desconhecidos pela maioria, como a importância climática no cenário urbano e a biodiversidade que habita esses riachos.

O  pesquisador Jansen Zuanon  apresentou dados do Projeto Igarapés, que tem sede no Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) e surgiu em 2001 para preencher uma lacuna nos estudos biológicos das águas da Região Amazônica.
“Como vivemos em uma paisagem de grandes rios e a maioria da população depende deles, a maior parte dos estudos biológicos foi direcionada nesta área. A ideia surgiu, principalmente, por um interesse científico de estudar os igarapés”, explicou.

Nos 13 anos em que o Igarapés atua, os pesquisadores concluíram que esses riachos apresentam uma fauna diversificada como também variação de volume em certos períodos do ano e sensibilidade ante a impactos ambientais. “O desmatamento e os detritos jogados contribuem rapidamente para a contaminação das águas do igarapé e as consequências são extensas”, destacou.

Segundo o doutor em Ecologia, o calor produzido pela poluição das águas, causado pelas bactérias e a matéria orgânica, afeta o meio ambiente ao redor. “Quando essas águas afloram nas nascentes, a temperatura é de 22 Cº. Com a falta da mata para proteger do sol e com a fermentação da decomposição da matéria orgânica, a temperatura pode atingir 29 Cº”, explica. “Estamos trocando a função de ar-condicionado e qualidade de vida por um esgoto cheio de doenças”.

Outra consequência apontada pelo pesquisador são as enchentes, resultado direto da obstrução da passagem da água e do aterramento dos igarapés. Para Zuanon, projetos como o Prosamim são de importante cunho social, porém, não atentam para o procedimento correto no tratamento dos córregos da cidade. “Quando se aterra um igarapé, a água da chuva não tem para onde escoar, pois não há terra para absorvê-la nem canal para jogá-la nos rios e ela acaba acumulando na superfície”, revelou.

Conforme Zuanon, o correto seria a implantação de estações para tratar a água e a desobstrução dos córregos, que se tornam alternativas mais caras e sem atenção de governos. “É perfeitamente possível despoluir os igarapés de Manaus e termos água de boa qualidade. Mas, primeiro, temos que educar ambientalmente as pessoas para que não poluam as águas. É um costume de muitos anos e temos que lidar com isso”, alerta ele.

Reserva é um testemunho da cidade antes da urbanização

A reserva Adolpho Ducke, localizada a 25 quilômetros de Manaus, é o principal campo de pesquisas do Projeto Igarapés. Doada pelo governo em 1962, em uma solicitação do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), a floresta tem 10.000 hectares e mais de 40 nascentes preservadas.

“É como ter um testemunho da Manaus antes da urbanização, a maioria dos estudos é feita por lá, mas também temos postos em vários pontos da região”, disse o dr. e pesquisador do Inpa Jansen Zuanon.

O acesso à reserva Adolpho Ducke ocorre pela rodovia AM-010 (Manaus/Itacoatiara), onde também podem ser encontrados o Jardim Botânico e o Museu Amazônico (Musa). A ideia, segundo Zuanon, é aproximar a população do meio ambiente e incentivar a preservação. “Não podemos ter a população como inimiga, ela precisa estar em contato com a natureza para aprender a valorizar e preservar a natureza”, acrescenta ele.   

A reserva possui um centro administrativo, biblioteca, lanchonete, estacionamento e trilhas que permitem o acesso dos visitantes aos diferentes ecossistemas da região.

Fonte: Fapeam

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