segunda-feira, 18 de maio de 2015

Purificador de água é implantado em aldeia indígena Yanomami, no Amazonas

Inicativa tem o objetivo de reduzir mortes de crianças por doenças causadas pelo consumo de água poluída


Unidade demonstrativa do purificador de água montada no bosque do Inpa, em Manaus.
Foto: Divulgação/Inpa

MANAUS – Uma aldeia Yanomami, localizada no município de Santa Isabel do Rio Negro (distante 630 quilômetros de Manaus), no Amazonas, ganhará um purificador de água sustentável. O equipamento, chamado Ecolágua, beneficiará cerca de 150 indígenas que enfrentam problemas graves de saúde por causa do consumo de água poluída. O aparelho deve ser implantado pelo Instituto Nacional de pesquisas da Amazônia (Inpa), no segundo semestre de 2015.


A aldeia beneficiada ainda não foi escolhida. De acordo com informações do Inpa, o critério de escolha será o local com situação mais crítica em acesso à água potável entre as 12 aldeias do povo Yanomami na região do Alto Rio Negro.“Estamos interessados em ajudar os indígenas da aldeia Yanomami que estão morrendo por causa do consumo de água poluída. Por isso, vamos instalar o mais rápido possível uma unidade experimental do purificador de água na aldeia”, diz o inventor do equipamento e pesquisador do Inpa, Roland Vetter.

Como é o processo?

O inventor explica que o purificador é capaz de desinfectar a água contaminada, porque os micro-organismos em contato com os raios ultravioleta tipo C perdem a capacidade de se multiplicarem. A luz provoca um dano fotoquímico instantâneo no material genético das microbactérias, o que causa o efeito desinfectante. O equipamento de tamanho compacto pesa 13 quilos, purifica até 400 litros de água por hora, utiliza energia solar e bateria, e a vida útil da lâmpada ultravioleta é de 10 mil horas, o equivalente a três anos de duração.

O coordenador do Serviço e Cooperação com o Povo Yanomami (Secoya), associação civil e sem fins lucrativos, Silvio Cavuscens e a enfermeira Sylvie Petter visitaram o Inpa para conhecer a tecnologia. Para Cavuscens, a expectativa de instalar o purificador de água em uma das aldeias Yanomami é muito grande. “Outros problemas de saúde estão afetando a saúde dos Yanomami por conta da má qualidade da água consumida pelos indígenas”, diz o coordenador da associação. “Para nós, este invento do Inpa é um achado, porque é uma solução de baixo custo e de fácil implantação, o que permitirá aos indígenas ganharem qualidade de vida”, acrescentou.
Há quatro anos a Secoya iniciou um programa de educação em saúde junto à população dos Yanomami no Amazonas que permite envolver a população na resolução preventiva dos problemas de saúde em comunidade indígena. Segundo Cavuscens, este programa vem sendo desenvolvido mediante três vertentes principais: trabalho de prevenção, controle social e valorização da saúde tradicional.
A tecnologia já foi implantada em 19 comunidades do município de Benjamim Constant, além de 10 equipamentos instalados em oito aldeias indígenas. No próximo dia 10 de julho, o Inpa instalará dois aparelhos em Nampula, no interior de Moçambique, na África.
Na opinião da coordenadora de Tecnologia Social do Inpa, Denize Gutierrez, esta é mais uma demanda de problema de saúde de veiculação hídrica por contaminação biológica que leva crianças a morte. “Por isso temos que interferir e dar a nossa contribuição”, disse.
Fonte: Portal Amazônia

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