sábado, 8 de julho de 2006

Chuvas mudam paisagem no Sertão de AL

Maceió, 08/07/06

A paisagem seca do Sertão alagoano está sendo transformada radicalmente com as chuvas que vêm caindo desde há mais de um mês em todo o Estado. O cenário normalmente associado à terra árida e reservatórios secos está diferente, com as barragens cheias e açudes sangrando. Além disso, o rebanho, que até bem pouco tempo não tinha pasto para procurar comida, hoje passeia em áreas verdes. As lavouras, principalmente as de feijão, milho e mandioca já começam a renovar a esperança do sofrido povo sertanejo.

O agricultor Manoel Pedro da Silva, 47, que trabalha juntamente com outras 20 famílias na Fazenda Morros, na zona rural de Jaramataia, a 174 quilômetros de Maceió, disse que começou a chover forte na região no início do mês de junho deste ano. Em razão disso, ele iniciou o plantio de feijão e milho, na esperança de armazenar o feijão em um silo que fica num depósito ao lado da sua casa. O silo tem capacidade para 162 quilos de feijão, o que, segundo ele, darão para ser consumidos pela sua família durante boa parte deste ano. “Espero que o inverno, este ano, seja mais demorado do que nos anos anteriores, para que a gente possa vender o excedente e juntar dinheiro para comprar outros alimentos para a minha família”, ressalta o agricultor. Mesmo com a esperança renovada, Manoel Pedro não esconde seu receio com a redução das chuvas nos próximos dias. “No início deste ano, entrei em desespero, pois não tinha um grão sequer de sementes e a solução foi me desfazer de algumas criações para pagar dívidas e ter o crédito de volta para comprar alimento e grãos para renovar o plantio”, esclareceu ele, apostando na colheita deste ano.

Meteorologia - A depender das previsões dos meteorologistas, o inverno será proveitoso para os agricultores sertanejos. De acordo com o diretor do departamento de Meteorologia da Secretaria Executiva de Recursos Hídricos, Rômulo Abreu, as chuvas devem cair na região até o final do mês de agosto. O especialista disse que, por conta do verão excessivo e as constantes mudanças de temperatura na superfície do mar, além da chegada das frentes frias, o inverno tende a ser mais rigoroso no Litoral e no Agreste. “No Sertão, o nível de precipitação deve ficar em 80 milímetros, índice um pouco abaixo em relação ao inverno do ano passado, que foi de 120 milímetros”, revelou. Rômulo Abreu explicou, no entanto, que a quantidade de chuva prevista para a região sertaneja é considerada boa. Segundo o meteorologista, o inverno se estenderá por mais um ou dois meses e deve ser bastante aproveitado pelos agricultores. No final do ano passado, o governo estadual decretou estado de emergência nos municípios de Pão de Açúcar, Senador Rui Palmeira, São José da Tapera, Pariconha, Piranhas, Jaramataia, Major Isidoro, Palmeira dos Índios, Traipu, Delmiro Gouveia, Maravilha, Ouro Branco, Poço das Trincheiras e Santana do Ipanema, em razão do impacto que a seca provocou na região.

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