segunda-feira, 3 de julho de 2006

Esgoto polui rio em Lagoa Grande

Belo Horizonte, 03/07/06

Igor Guimarães

A contaminação da água potável que abastece o distrito de Lagoa Grande, em Minas Novas, no Vale do Jequitinhonha, levou o Ministério Público a acionar a Justiça contra a prefeitura local. Há cerca de seis meses, as duas fossas que recebiam o esgoto produzido pelos cerca de 3.000 moradores do distrito chegaram ao limite de uso e transbordaram. Os dejetos agora escorrem a céu aberto e contaminam o córrego das Lages, afluente do rio Fanado.

Os cursos d’água abastecem comunidades rurais da região e a própria área urbana de Minas Novas. No início do ano, a Justiça local deu um prazo de 30 dias para o município reparar os danos ambientais e encontrar uma alternativa para a disposição do esgoto até a construção de uma estação de tratamento. Segundo o advogado Carlos Roberto Macedo, no dia 10 de maio, há cinco dias do vencimento do prazo, o prefeito de Minas Novas, Murilo Badaró (PP), conseguiu uma liminar no Tribunal de Justiça em Belo Horizonte postergando a decisão. O mérito do recurso será julgado nesta quinta-feira. Para o advogado, a situação está insuportável e precisa de uma intervenção urgente. Segundo ele, o produtor rural Honório Mendes de Souza convive diariamente com o problema do mau cheiro e o risco de doenças – as fossas foram construídas em seu terreno. Um “canal” de esgoto se formou e agora corta parte de sua propriedade, de aproximadamente 15 ha, indo em direção ao córrego das Lages. “O esgoto agora atravessa a estrada de acesso e forma uma lama que impede até a passagem de carros”, diz o filho do produtor rural, Lindomar Gomes de Souza. A prefeitura ainda não tomou nenhuma providência e cerca de 25 famílias instaladas rio abaixo consomem água poluída sob o risco de adquirir doenças. “Todo mundo está sendo prejudicado, inclusive o pessoal da cidade”, afirma Lindomar Souza.

Estação de tratamento - O prefeito Murilo Badaró admitiu a existência do problema de esgotamento sanitário, mas, segundo ele, tudo já estaria resolvido se o caso não fosse parar na Justiça. De acordo com ele, o município, em parceria com a Copasa, estava prestes a construir uma estação de tratamento de esgoto em um área desapropriada no terreno do produtor Honório Souza. O local, segundo Badaró, é o único adequado à instalação do projeto de esgotamento sanitário, pois não afetaria nascentes d’água. A escolha do lugar, afirma, foi baseada em um laudo produzido por três engenheiros da Copasa e pelo Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam). “Não existe problema algum, mas por questões políticas o caso foi parar na Justiça”, afirma Badaró. A estação de tratamento de esgoto do distrito de Lagoa Grande tem um custo aproximado de R$ 700 mil e a previsão é que fique pronta em até seis meses.


Fonte: Jornal O Tempo

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