terça-feira, 18 de julho de 2006

Prefeitura acaba com cooperativa de reciclagem de lixo na Zona Sul

Rio, 18/07/06

Celso Brito

A Subprefeitura da Zona Sul despejou, na madrugada desta terça-feira, a Cooperativa de Seleção e Comercialização de Materiais Recicláveis da Zona Sul, que funcionava desde 1996 sob o Viaduto do Túnel André Rebouças, no Jardim Botânico. Utilizando caminhões guinchos, empilhadeiras e outras máquinas, com apoio da Polícia Militar e da Guarda Municipal, funcionários da Prefeitura chegaram ao local por volta da meia-noite.

O núcleo da cooperativa, que reúne 52 catadores e recolhe de sete a 10 toneladas por dia, foi notificado no dia 8 de junho de que deveria deixar o local, por estocagem de material de grande potencial inflamável (papel, papelão, madeira e outros), em documento assinado pelo subprefeito Mário Felippo Júnior. De acordo com a Prefeitura, um incêndio no local poderia afetar a estrutura do viaduto. O diretor financeiro da cooperativa, Neivaldo Queiroz, 51 anos, foi avisado por vizinhos sobre a chegada do aparato da Prefeitura e ficou revoltado porque não apresentaram nenhum mandado da Justiça.

A Prefeitura garante que eles tiveram 15 dias de prazo para deixar o local. Segundo ele, embora a cooperativa tenha sido informada, o prazo dado foi curto e o sustento de 52 famílias não deveria terminar de forma tão cruel. "Daqui há pouco, uma turma de funcionários vai chegar para trabalhar, mas vai ter que voltar para casa com a incerteza de que seus empregos estarão garatidos", disse. Para os administradores da cooperativa, a decisão de retirá-los dali deveria ser discutida amplamente para não prejudicar os trabalhadores e suas famílias, já que não há qualquer perspectiva de outro local para o funcionamento do núcleo, até agora. "Eles vão prejudicar centenas de pessoas, sem nos dar uma alternativa, por causa de uma possibilidade", disse Neivaldo.

As quatro máquinas compactoras, 11 carrinhos e outros materiais recolhidos e colocados em caminhões, foram levados para o depósito da Prefeitura, em Vargem Grande, na Zona Oeste do Rio.

Um comentário:

Anônimo disse...

A subprefeitura não é um órgão que possui autonomia para despejar sem uma ordem de despejo. Por isso a atitude foi arbitrária e inconsequente. Caso o Sr. Neivaldo tenha interesse poderá, com certeza entrar com uma ação de danos morais e materiais contra a prefeitura, citando também o sub-prefeito Mario Felippo, que foi um inconsequente ao despejar um estabelecimento que gerou emprego a 52 familias. Com certeza se algum dos familiares dele estivesse envolvido, ele não teria cometido essa atitude arbitrária.
Assino o presente comentário certa de que a justiça será feita e esse sub-prefeito despreparado para possuir o cargo terá o que ele realmente merece.
Flavia Matos.