Renata Nunes
A coleta seletiva no país cresceu 38% nos últimos dois anos e cerca de 25 milhões de brasileiros têm acesso a esse tipo de programa operado pelas prefeituras. Mas, apesar da evolução, os números ainda estão distantes do ideal, como aponta a pesquisa Ciclosoft 2006 do Compromisso Empresarial para a Reciclagem (Cempre).
Apenas 3,16% dos municípios mineiros possuem programas de recolhimento seletivo do lixo. Ou seja, 27 das 853 cidades do Estado. O índice é inferior ao nacional (6%), no qual estão incluídos 327 municípios. “Em muitas prefeituras, temos baixo nível de capacitação técnica dos profissionais envolvidos com limpeza urbana e escassez de recursos financeiros oriundos da má gestão. Somado a isso está a resposta lenta da população aos investimentos na área”, comentou o diretor-executivo do Cempre, André Vilhena. A coleta seletiva é um sistema de recolhimento de materiais recicláveis – como papel, plástico, vidro, metais e produtos orgânicos – e aparece em diferentes modalidades. Deliberação no Estado
Previamente separados na fonte geradora, os produtos passam por uma triagem e, então, são encaminhados para cooperativas ou vendidos diretamente às indústrias recicladoras.
Segundo a técnica da divisão de saneamento da Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam), Melissa Seixas Lima, a abrangência dos programas em Minas, como no resto do país, ainda é pouca porque a questão do lixo não evoluiu. “Há uma cultura errada e antiga. As pessoas depositam lixo comum nas ruas e, depois, ele segue para um local de exposição inadequado, os chamados lixões”, comentou. De acordo com ela, o trabalho de conscientização da população sobre a importância da coleta seletiva é de longo prazo e só tem um efeito prático em pelo menos 15 anos. “O grande caminho é a educação, o trabalho nas escolas. As prefeituras também não podem deixar morrer esses programas. Eles trazem economia em processos produtivos e melhoria para o meio ambiente, já que ajuda a diminuir a geração de lixo como um todo”, reforçou. Segundo Vilhena, a pesquisa mostrou um engajamento crescente das prefeituras e um aumento das parcerias com as cooperativas. Isso significa redução de custo nos programas de coleta seletiva e melhoria de renda para população carente que busca a atividade como alternativa. De acordo com ele, estimativas apontam mais de 500 mil pessoas trabalhando como catadores no país. Em função disso, ele defende a aprovação de um projeto de lei, em tramitação no Congresso Nacional, que prevê a regulamentação dos resíduos sólidos e reconhece as cooperativas como atores importantes na atividade. Do total dos programas pesquisados, 43,5% mantêm relação direta com cooperativas de catadores.
Fonte: O Tempo
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