Luiz da Motta
A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, reuniu-se, na sexta-feira, com o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Demian Fiocca, na sede da instituição, no Rio de Janeiro, para discutir a criação de duas linhas de crédito que financiem atividades nos distritos florestais sustentáveis e concessões de manejo florestal.
Tradicionalmente, o BNDES financia as cadeias produtivas de celulose e siderurgia que têm interface com o setor florestal. A novidade é a inserção do banco no apoio direto às atividades florestais sustentáveis. Os investimentos serão destinados para empreendimentos que envolvam reflorestamento, recuperação de áreas degradadas, manejo florestal sustentável e concessões em áreas de florestas públicas - dentro da Lei de Gestão Florestal. Caso aprovada, será a maior linha de crédito específica para o setor da história do país. "A idéia é redirecionar o que não está sendo bem feito, em vez de apenas impedir", afirma o diretor do Serviço Florestal Brasileiro, Tasso Azevedo, que também participou da reunião.
Carajás
A proposta prevê ações para reflorestar 1 milhão de hectares dentro do distrito, sendo 60% de espécies nativas e com forte participação de pequenos produtores. "O financiamento do banco serviria para que grandes empresas consumidoras de produtos florestais comprassem, antecipadamente, a produção do pequeno produtor, por meio de pagamentos mensais, durante o período de crescimento da floresta (que varia de sete a 15 anos)" explica o diretor do Serviço Florestal Brasileiro. "Isso garantiria renda para esses pequenos produtores e evitaria mais destruição florestal", conclui. Segundo estudos do órgão, um produtor que cultive cinco hectares de floresta pode garantir uma renda mensal de R$ 300.
Na visão do presidente do BNDES, que gostou do projeto, seria possível repetir - no caso do financiamento para manejo florestal - a experiência do setor de energia, no qual o banco anuncia, antes do leilão de uma concessão, as condições para o financiamento, o que estimula empreendimentos de manejo sustentável e oferece mais transparência às ações, para que todos os que vão disputar a concessão tenham conhecimento igual dos parâmetros financeiros do banco.
Desenvolvimento e preservação
O Governo Federal criou, em 2006, o Distrito Florestal Sustentável da BR-163, região do oeste do Pará. Seu potencial de renda bruta anual é de R$ 1 bilhão, podendo empregar cerca de 100 mil trabalhadores. Para 2007, a meta é criar outros dois distritos florestais sustentáveis também na região amazônica.
Setor Florestal
Para efeito de comparação, as exportações de produtos florestais são equivalentes as de produtos derivados da pecuária que ocupam, no entanto, cerca de 200 milhões de hectares do país (mais de 20% do território nacional).
Fonte: MMA
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