quarta-feira, 31 de janeiro de 2007

Conjugado para diagnóstico da raiva produzido no Rio pode substituir importação




Técnica rápida de inibição de focos fluorescentes
As células infectadas pelo vírus da raiva são reveladas pelo conjugado (Foto: Wildeberg Moreira)

Isis Breves

A raiva é uma zoonose transmitida ao homem pela inoculação do vírus da doença, principalmente por mordidas de animais domésticos, ou seja, de cães e gatos infectados e por morcegos que mantêm o ciclo silvestre da doença. Apresenta letalidade de 100% e um alto custo na prevenção de pessoas expostas ao risco de adoecer e morrer.

O veterinário Wildeberg Cál Moreira, do Centro de Criação de Animais do Laboratório (Cecal), uma unidade da Fiocruz, comprova na dissertação de mestrado Avaliação da profilaxia contra o vírus da raiva pelas técnicas de contraimunoeletroforese e rápida inibição de focos fluorescentes um novo método para validar a vacina anti-rábica. A técnica utiliza um conjugado produzido pelo Instituto Municipal de Medicina Veterinária Jorge Vaitsman, no Rio de Janeiro, cujo custo é bem menor e que tem um rendimento cinco vezes maior que o importado utilizado no mercado para testar se a pessoa que foi vacinada contra o vírus da raiva está realmente protegida. “Na minha pesquisa de mestrado eu usei o mesmo reagente que revela a presença do antígeno do vírus da raiva no diagnóstico da doença em soros humanos”, explica Moreira, responsável pelo Pavilhão de Animais de Médio e Grande Porte do Cecal.

Segundo o veterinário, suas pesquisas tiveram um resultado positivo, podendo ser usadas para testar soros humanos que receberam a vacina anti-rábica, verificando se estão respondendo ou não à profilaxia realizada. “Essa tecnologia de produção do conjugado pode ser usada não só para a produção de kits de diagnóstico da raiva mas também, de acordo com minha dissertação, para analisar soros que receberam a vacina. No caso do Cecal, essa mesma tecnologia poderá ser usada para produção de kits de diagnóstico para viroses de camundongos, o que reduziria os custos no controle de qualidade das colônias SPF (especific pathogen free) – animais livres de germes patogênicos”, ratifica Moreira.

A pesquisa foi iniciada no ano de 2000, quando o veterinário ainda trabalhava no Instituto Municipal de Medicina Veterinária Jorge Vaitsman, na área de diagnóstico de raiva. “Na época, o conjugado era até então usado apenas para diagnosticar a doença. Depois comecei a fazer testes para comprovar que o mesmo conjugado produzido in house, o qual é mais barato e rende cinco vezes mais, poderia ser usado também para validar os esquemas profiláticos contra a doença. Para produzir esses conjugados, a Secretaria Estadual de Saúde comprou os equipamentos necessários, permitindo utilizar a tecnologia citada”, detalha o veterinário, que também é responsável no Cecal pela manutenção de cabras hiperimunizadas para atender ao programa de produção de kits e insumos de diagnóstico para HIV, leishmaniose e doença de Chagas.

Em 2005, o Ministério da Saúde gastou cerca de R$ 66,4 milhões com ações da vigilância epidemiológica contra raiva. Tais recursos foram empregados para medidas como a promoção de campanhas de vacinação. “O vírus da raiva é mortal, tanto para o homem quanto para os animais. Por isso, é importantíssimo levar seu animal de estimação para ser vacinado contra a doença. A vacina é gratuita e aplicada no Instituto Jorge Vaitsman, no Centro de Controle de Zoonoses Paulo Dacorso ou durante as campanhas de vacinação animal. Quando alguém for agredido, mordido ou arranhado por animais potencialmente transmissores, é recomendável procurar o pólo de tratamento anti-rábico humano – posto de saúde – mais próximo para avaliar a necessidade de vacinação”, alerta Moreira.

Fonte: Fiocruz

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