Rafael Imolene
Um relatório do governo brasileiro sobre desertificação deverá servir de modelo para outros países adotarem ações no combate a esse fenômeno que provoca miséria e distúrbios climáticos, como a falta de água e o aquecimento global. Trate-se do Relatório de Implementação de Combate à Desertificação, documento elaborado durante três anos sob coordenação do Ministério do Meio Ambiente. Sua apresentação oficial ocorrerá em Buenos Aires, no mês de março, durante a 5ª Sessão do Cric (Comitê de Revisão da Implementação da Convenção das Nações Unidas de Combate à Desertificação).
Segundo o coordenador-técnico do Programa de Combate à Desertificação do MMA, José Roberto Lima, o relatório brasileiro é inovador por reunir estratégias do governo federal, de estados e da sociedade civil de uma forma inédita entre os países signatários da convenção. "O Brasil está realmente envolvido com o tema. O relatório não é meramente técnico, é um compromisso nacional que une o poder público e toda a sociedade", diz José Roberto. Um dos consultores do relatório, Silvio Santana, da Fundação Grupo Esquel Brasil, afirma que a política social do atual governo coincide com as metas de combate à desertificação, como, por exemplo, redução da pobreza, da fome e da desigualdade social, além de manter as populações em seus locais de origem. "O programa do governo Lula coincide quase literalmente com o texto da convenção", diz.
De acordo com Silvio Santana, os esforços pela elaboração do relatório reuniu ministérios, governos estaduais, organizações não-governamentais, universidades e empresas. "Não adianta trabalhar de forma setorizada. Precisa haver uma plataforma de integração entre o governo e a sociedade. Somente o Grupo de Trabalho da Articulação do Semi-árido possui mais de mil entidades, inclusive igrejas e sindicatos", afirma. "Nenhum outro país constituiu um grupo de trabalho parlamentar de combate à desertificação. O Brasil está dando um exemplo", acrescenta Silvio Santana. No Brasil, as áreas suscetíveis à desertificação abrangem 1.488 municípios dos nove estados do Nordeste. Também foram incluídos nesta classificação cidades do norte de Minas Gerais e noroeste do Espírito Santo. No total, ocupam uma área de 1.338.076 quilômetros quadrados, equivalentes a 15,7% do território nacional, onde vivem 32 milhões de pessoas, ou 18,6% da população brasileira. Metade desses municípios detêm os piores índices de desenvolvimento humano do País.
No mundo, as regiões áridas, semi-áridas e subúmidas secas representam quase um terço da superfície terrestre, abrigam mais de 1 bilhão de seres humanos e são responsáveis por 22% da produção mundial de alimentos. A ampliação dessas áreas, tanto no Brasil quanto no resto do planeta, é conseqüência do aquecimento global e da exploração inadequada dos recursos naturais, entre outros motivos. O resultado são eventos climáticos extremos mais freqüentes, como inundações, ondas de calor, menor volume de chuva em regiões secas e incidência de furacões, tufões e ciclones.
Fonte: MMA
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