terça-feira, 27 de fevereiro de 2007

Aquecimento global preocupa senadores

Augusto Castro e Nelson Oliveira

Recém-chegada de um seminário parlamentar em Washington acerca das mudanças climáticas globais, a senadora Serys Slhessarenko (PT-MT) disse ter voltado com a impressão de que a consciência ambiental cresceu bastante, inclusive entre os empresários. O encontro foi promovido pelo G8+5 (grupo dos oito países mais desenvolvidos e cinco emergentes): Estados Unidos, Japão, Alemanha, Reino Unido, França, Itália, Canadá, Rússia Brasil, China, Índia, México e África do Sul.

A parlamentar elogiou a iniciativa - segundo ela a primeira a reunir parlamentares para o debate de um tema que a cada dia fica mais urgente -, e sugeriu um amplo debate no Brasil preparatório aos próximos encontros (na Alemanha, em junho, e no Japão, em janeiro de 2008), de modo que os parlamentares brasileiros compareçam às discussões com propostas concretas.
A senadora defendeu a aplicação de medidas de conservação necessárias ao desaquecimento global, e observou que mesmo dentro dos Estados Unidos, o país que mais emite gases causadores do efeito-estufa, mudanças importantes estão se operando: o estado da Califórnia, por exemplo, está adotando políticas independentes do governo federal, que se recusa a assinar o protocolo de Kyoto, documento internacional com as metas de emissão. Serys, que foi aparteada pelos senadores Heráclito Fortes (PFL-PI) e Sibá Machado (PT-AC), disse ter ficado bastante impressionada com o entusiasmo dos participantes do fórum em relação à capacidade brasileira na área de biocombustíveis, especialmente o etanol (álcool). Há entre os participantes do G8+5 um grande interesse em discutir o potencial que esses biocombustíveis têm para o controle do clima. Além de Serys, estiveram em Washington o senador Renato Casagrande (PSB-ES) e o deputado Antonio Palocci (PT-SP).

Relatório da ONU sobre aquecimento global prevê futuro dramático, alerta Simon

Em discurso no Plenário nesta segunda-feira (26), o senador Pedro Simon (PMDB-RS) alertou para as graves conseqüências do chamado aquecimento global. Ele comentou a divulgação, pela Organização das Nações Unidas (ONU), do relatório do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas, que apontou o aquecimento global como o principal problema ambiental do planeta. Pedro Simon disse ainda que a imprensa já apontou os países mais poluidores da atmosfera, os integrantes do chamado G7: Estados Unidos, Japão, Alemanha, Reino Unido, França, Itália e Canadá.

O documento demonstra, disse Pedro Simon, que as temperaturas médias globais devem aumentar entre 1,8 e 4 graus Celsius nas próximas décadas. Uma das conseqüências dessa elevação, "num futuro nem tão longínquo", avaliou o senador, será a elevação dos níveis dos mares e oceanos. Ou seja: cidades litorâneas seriam inteiramente devastadas, incluídas cidades costeiras do Nordeste e Sudeste brasileiros. O aquecimento global também afetará a agricultura, disse Simon. A produção diminuirá e culturas, como os cafezais paulistas e mineiros e a soja gaúcha, poderão desaparecer. Outras conseqüências apontadas pelo relatório da ONU, sublinhou Simon, serão o aumento das ondas migratórias pelo mundo; grandes secas e enchentes; aumento da favelização nos centros urbanos e conseqüente elevação da miséria, da fome e da violência.
- É uma situação que, se nada for feito, será vivida por nós e, principalmente, pelos nossos filhos e nossos netos. É palpável, é sentida, é presente - alertou. Entretanto, para Simon, a humanidade já enfrenta catástrofe semelhante: a fome. A mesma ONU, informou o senador, já divulgou que quase um bilhão de seres humanos passam fome atualmente. - Uma em cada seis pessoas, as que não morreram ainda hoje, dormirá, na próxima noite, com fome crônica. A mesma fome que mata um ser humano a cada intervalo menor que quatro segundos - lamentou.

De acordo com o senador, quase metade da população mundial (três bilhões de pessoas) sobrevive com menos de dois dólares por dia, a metade disso com apenas um dólar por dia. Informou que, no exato momento em que falava, 130 milhões de crianças passavam fome ao redor do mundo. E quase um bilhão de pessoas moram em favelas. - Não haverá humanidade, no seu verdadeiro sentido, enquanto a morte pela fome continuar seguindo o ritual dos ponteiros dos segundos - afirmou Simon. Apesar da "dimensão de tais catástrofes", o senador disse ainda ser um otimista. Para ele, a discussão do relatório da ONU pode ajudar na busca de soluções para a devastação ambiental e para a fome mundial. Em aparte, o senador Arthur Virgílio (PSDB-AM) elogiou o discurso do colega e disse que o aquecimento global é causado principalmente "pela forma equivocada de produzir dos países ricos". Para o líder do PSDB, "o desafio é começarmos a produzir de maneira diferente e começarmos a viver de maneira mais solidária".

Agência Senado

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