Um passo importante na busca por uma vacina contra o HIV acaba de ser dado. Um grupo de 16 cientistas de diversas instituições de pesquisa nos Estados Unidos conseguiu obter um retrato em nível atômico do momento exato em que um anticorpo capaz de neutralizar o HIV gruda e age em uma determinada parte do vírus.
O registro é particularmente importante por colocar em destaque uma região frágil de um vírus conhecido por sua capacidade de defesa. Os resultados do estudo estão publicados na edição de 15 de fevereiro da Nature. Segundo a revista, a descoberta pode ser explorada no desenvolvimento de futuras vacinas contra o organismo causador da Aids em humanos. Além de ter uma membrana que protege seu material genético de ataques, o HIV está sempre um passo à frente do sistema imunológico humano pela capacidade de mudar de forma e de sofrer mutações. Mas algumas partes do vírus devem permanecer as mesmas, de modo que ele possa se agarrar e invadir células. Uma dessas regiões é o gp120, uma glicoproteína por meio da qual o HIV se liga a outra proteína, a CD4, localizada nas células hospedeiras. A união do gp120 com a CD4 forma o caminho da invasão e é justamente esse um dos alvos dos cientistas na busca por uma vacina.
novo estudo, o grupo liderado por Peter Kwong, do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas, um dos Institutos Nacionais de Saúde (NIH) dos Estados Unidos, produziu moléculas gp120 estáveis para serem reconhecidas pelos anticorpos. Em seguida, examinou detalhadamente a ligação de um anticorpo (o b12) à glicoproteína e verificou que a orientação e o local de contato eram semelhantes aos da CD4. Essencialmente, os cientistas descobriram que o ponto de contato inicial do CD4 é uma área frágil do gp120 e um ponto de reconhecimento para o b12. “Criar uma vacina contra o HIV é um dos maiores desafios científicos de nosso tempo. Esse estudo acaba de revelar um buraco na armadura do HIV e, por conseqüência, abriu uma nova avenida para que possamos vencer o desafio”, disse Elias Zerhouni, diretor do NIH, em comunicado da instituição. Em 1998, Kwong liderou o grupo que publicou a primeira imagem em raio X do momento em que o gp120 entra em contato com o CD4. A imagem tem sido muito usada desde então por pesquisadores por revelar áreas do vírus com potencial para se tornem alvos de drogas.
O artigo Structural definition of a conserved neutralization epitope on HIV-1 gp120, de Peter Kwong e colegas, pode ser lido por assinantes da Nature em www.nature.com.
Fonte: Agência Fapesp
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