Ivan Richard
“Um conflito comum nos grandes centros urbanos é a atividade de catação incomodando o trânsito ou mesmo o acúmulo de resíduos em locais inadequados”. Segundo ele, como a atividade é uma fonte de renda possível para muitos, “basta ir no lixo para encontrar algo aproveitável comercialmente”, requer a proximidade da fonte geradora dos resíduos. Oliveira citou um exemplo de boa organização dos catadores o que acontece em Porto Alegre (RS), onde essa realidade é totalmente diferente. O estado criou uma política específica para os catadores e vem desenvolvendo um trabalho sistemático com a categoria. Por causa disso, o nível de vida, de consumo e as possibilidades dos catadores são ótimas, comparadas com outros locais. Ele destacou, porém, que isso é resultado de um trabalho sério que tem sido desenvolvido ao longo do tempo. Não foi da noite para o dia. “É importante que não haja interrupção”. Ele advertiu que mesmo que mudem o mandato, a legislatura, o governador, a política para o setor não pode ser alterada.
Oliveira explicou que, como são necessários grandes volumes para que se obtenha alguma renda, os catadores também precisam vigiar o material, de modo a evitar roubo. “E isso requer políticas públicas nos estados. O Distrito Federal, pelo menos nos últimos dez anos, não contou com qualquer política de Estado que pudesse minimizar os impactos sociais e ambientais do não-reaproveitamento do lixo”. Para o consultor do MDS, muitos gestores públicos e também uma parcela da sociedade ainda não perceberam a importância de reciclar o lixo. “Acredito que o planeta tem uma necessidade muito grande de diminuir seus resíduos. É um problema sério hoje”. Oliveira lembrou que, em média, cada cidadão no mundo gera cerca de 800 gramas a um quilo de lixo diariamente. “Somos 6,5 bilhões de pessoas no planeta. A atividade do catador liga as pontas de geração e resíduos. Transforma os resíduos em matéria prima novamente. Então essa atividade é de grande interesse social e grande interesse ambiental. Portanto, deve ser estimulada”. Oliveira afirmou que o trabalho dos catadores pode ter outra função, a conscientização. Ele explica que seria importante que os resíduos chegassem aos catadores já tendo passado por uma triagem na origem, como a separação entre orgânico e o restante do lixo, por exemplo. E essa poderia ser fuma tarefa de cada cidadão. “Ao não misturar os resíduos, os cidadãos começam a observar seu lixo e isso não é comum. As pessoas não gostam de observar seu lixo , como não gostam de olhar, não conhecem”.
Oliveria argumentou que, quando a destinação do lixo se torna uma preocupação, o cidadão tem condições até de mudar alguns hábitos. “Passando a pensar na destinação do lixo, separando em uma caixa ou outra, as pessoas começam a ter chance de criar uma visão crítica sobre seus hábitos de consumo. E isso pode ser um grande instrumento para que possamos minimizar nossa geração de resíduos”.
Fonte: Agência Brasil
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