No rastro da divulgação dos alertas da ONU sobre a mudança climática, os governos europeus renovaram os apelos por uma ação urgente, enquanto o presidente francês, Jacques Chirac, pediu uma "revolução" verde.
No entanto, grupos de pressão ambiental acusaram os governos de fracassarem no corte de emissões de gases de estufa, que o Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática (IPCC, na sigla em inglês), acusa como a causa quase certa da elevação das temperaturas, um processo incontrolável nos próximos séculos."Virá em breve o dia em que a mudança climática escapará a todo o controle. Estamos no limite do irreversível", disse Chirac ao inaugurar uma conferência em Paris sobre governança ambiental no mundo. "Confrontados com esta emergência, o momento não é de medidas mornas. É hora de uma revolução: uma revolução de nossa consciência, uma revolução da economia, uma revolução de ação política", acrescentou.
Denominada pelo presidente francês de "Cidadãos da Terra", a reunião visa a apoiar a criação de uma agência das Nações Unidas para o Meio Ambiente, com poderes mais abrangentes e maiores recursos do que o existente Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma). "O fracasso em fazermos crescer nossas economias ameaçará a paz e a prosperidade, mas se impulsionarmos nossas economias às custas do clima, a mesma paz e prosperidade estarão ameaçadas", disse em um comunicado a secretária britânica das Relações Exteriores, Margareth Beckett. Para o titular britânico da pasta do Meio Ambiente, David Miliband, o relatório da ONU "é outro prego no caixão dos céticos sobre a mudança climática e representa a imagem mais terminal até agora, demonstrando que o debate sobre a ciência da mudança climática está superado".
Yvo de Boer, secretário-executivo da Convenção-marco das Nações Unidas sobre a Mudança Climática, declarou em um comunicado: "o mundo precisa urgentemente de novos acordos internacionais sobre tetos de emissão mais fortes para países industrializados, incentivos para os países em desenvolvimento para limitar suas emissões e apoiar medidas de adaptação robustas".
Para os grupos ambientalistas, cabe ao governo agir para deter o aquecimento global que causa a elevação dos níveis dos mares e tempestades imprevisivelmente violentas. A ONG Amigos da Terra destacou que o mundo enfrenta agora uma "crise", e o Fundo Mundial para a Natureza (WWF, na sigla em inglês) ressaltou que os governos precisam "reduzir drasticamente as emissões" agora. Já o Greenpeace alertou que a "janela para ação está se estreitando rapidamente". "O relatório do IPCC incorpora um extraordinário consenso científico de que a mudança climática já nos alcançou e que as atividades humanas são a causa", declarou o diretor-geral do WWF, James Leape. "Trata-se de um chamado claro para que os governos ajam urgentemente para cortar as emissões drasticamente", acrescentou em um comunicado.
Jan Kowalzig, ativista climático e energético da Amigos da Terra, disse que "o relatório do IPCC confirma cientificamente que a extensão desta crise causada pelo homem já atingiu as pessoas em volta do mundo e faz previsões desoladoras sobre o futuro". Para o ativista climático e energético do Greenpeace, Stephanie Tunmore, "há uma mensagem clara para os governos aqui e a janela para a ação está se estreitando rapidamente. Se o último relatório do IPCC foi para despertar, este é uma sirene estridente".
O WWF e a Amigos da Terra pediram que União Européia assuma um papel de liderança em sua cúpula no próximo mês nos esforços internacionais para controlar as emissões de gases de efeito estufa. Kowalzig disse que os líderes da UE precisam determinar uma meta de redução das emissões de 30% "que seria apenas suficiente para impedir o pior da mudança climática". O WWF informou que os governos precisam se assegurar que a próxima Conferência do Clima na ONU seja um sucesso. Hans Verolme, chefe do Programa de Mudança Climática Global do WWF, pediu uma "agenda rigorosa para negociar novos cortes nas emissões no âmbito de um próximo Acordo de Kyoto, que também irá promover investimentos limpos".
A conferência da ONU sobre Mudança Climática será celebrada em dezembro na ilha indonésia de Bali. O Protocolo de Kyoto é o único tratado internacional para estabelecer limites para a poluição provocada pela queima de combustíveis fósseis que causa o efeito estufa.
Fonte: Globo.com
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