Uma planta considerada por muitos agricultores como "praga", por ser invasora de pastagens, poderá ajudar na geração de energia elétrica para comunidades isoladas da Amazônia. Trata-se da Inajá - Maximiliana maripa -, uma palmeira da regiao amazônica, que terá seu óleo aproveitado para operar em uma usina de biocombustível na geração de energia, a ser implantada em Roraima em março deste ano.
Com recursos do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) através da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), a usina é resultado de uma parceria entre a Embrapa Roraima, unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa/Mapa) e o Instituto Militar de Engenharia (IME). Como projeto-piloto do IME, inicialmente a usina vai operar com óleo in natura de inajá, havendo possibilidade de testes com óleos de outras plantas. E a princípio tambem a produção prevista para a usina será de quatro mil litros de óleo refinado, por mês, o suficiente para atender a uma comunidade de até quarenta famílias.
Composta por dois módulos, a usina será instalada no Campo Experimental Serra da Prata, da Embrapa Roraima, em Mucajaí (RR). Um módulo, que sendo fabricado em São Paulo, servirá para a extração de óleo, e outro, projetado pelo IME, é para o refino do óleo e virá do Rio de Janeiro. Desde janeiro estão sendo providenciados o transporte e a montagem da usina, prevista para entrar em operação em março. Informações do IME dão conta que a usina em Roraima terá capacidade para até 16 mil litros por mês, mas o alcance deste potencial vai depender de vários fatores, como a disponibilidade de matéria-prima e o envolvimento da comunidade no processo. "É fundamental o envolvimento da comunidade para que ela perceba a geração de energia como possibilidade de geração de renda", afirmou. Um dos fatores para Roraima ter sido escolhida como projeto-piloto para as comunidades de fronteira foi, além da localização geográfica, a atuação da Embrapa na pesquisa com oleaginosas potenciais para biocombustíveis. Dois pesquisadores da Embrapa Roraima trabalham nessa linha.
O pesquisador Oscar José Smiderle estuda características agronômicas de plantas oleaginosas com potencial para biodiesel, enquanto o pesquisador Otoniel Ribeiro Duarte, que está concluindo o doutorado no Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCT) com uma pesquisa sobre o uso agroindustrial do Inajá. De acordo com informações disponíveis na Embrapa Roraima, o Inajá é uma planta que tem suas sementes dispersas por diversos animais, resiste ao fogo e rebrota nos locais onde ocorrem queimadas para preparação de roçados ou plantio de pastos. As sementes de inajá fornecem alto teor de óleo. De acordo com os estudos já realizados, o Inajá também apresenta potencial econômico para a fabricação de ração animal para peixes, aves e suínos. A geração de renda é um dos objetivos pretendidos pelo projeto de geração de energia elétrica com o biocombustível a fim de contribuir para a sustentabilidade de comunidades isoladas de fronteira, aproveitando as matérias-primas disponíveis na região e a organização da comunidade beneficiada.
A coordenadora do projeto, Wilma de Araújo Gonzalez, química do IME, explica que a estratégia é aplicar o conhecimento do IME em biocombustíveis e o conhecimento instalado na região Norte, através de instituições como a Embrapa e a Fundação Centro de Análise, Pesquisa e Inovação Tecnológica (Funcapi), aproveitando a logística do Exército brasileiro, por meio do Comando Militar da Amazônia, para contribuir com o desenvolvimento sustentável.
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