Grupo liderado pelo professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Carlos Chávez-Olórtegui, desenvolve pesquisa que pode levar à vacina contra a picada do escorpião Tityus serrulatus, uma das principais espécies responsáveis pelos acidentes escorpiônicos do Brasil
O estudo, financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq/MCT), identificou a proteína não tóxica (TsNTxP-Tityus serrulatus non-toxic protein) purificada do veneno do escorpião, obtida depois de fracionar o veneno do T. serrulatus, o que permitiu a separação de componentes letais, tóxicos e não-tóxicos. Quando comparada com duas das principais toxinas do escorpião, a proteína apresentou um alto grau de similaridade. Isso abriu novas perspectivas na imunoterapia dos envenenamentos pelo escorpião T. serrulatus, já que esta proteína quando utilizada como imunógeno, em animais experimentais, foi capaz de induzir anticorpos que não só reconheciam as toxinas presentes no veneno, como também neutralizavam todos os efeitos tóxicos produzidos pelo envenenamento com o escorpião.
Antivenenos
Estes anticorpos podem ser terapêuticos e vacinais, e é justamente nestas duas potencialidades que a pesquisa está hoje trabalhando. "Estamos imunizando animais com TsNTxP na sua forma nativa (purificada do veneno), a sua forma recombinante e também com peptídeos sintéticos (epitopos lineares e conformacionais), previamente identificados na estrutura primária da TsNTxP, para produzir uma nova geração de antivenenos (monoclonais, policlonais e recombinantes) com potencial uso terapêutico e realizar testes experimentais finais, no que se refere à produção de anticorpos protetores in vivo (vacinas)", explica o Prof. Chávez- Olórtegui.
A pesquisa, iniciada em 1994 no Centro de Pesquisa e Desenvolvimento da Fundação Ezequiel Dias (FUNED), de Belo Horizonte, recebeu o apoio do CNPq para a formação de parcerias com institutos da França e da Venezuela e ainda obteve recursos do edital Universal de 2005. Graças à colaboração do Institut National de la Santé et la Recherche Medicale, instituição francesa que mantém convênio bilateral com o CNPq, o grupo obteve uma imagem da estrutura tridimensional e o potencial eletrostático de superfície da proteína TsNTxP que, em 2002, virou capa da revista Molecular Immunology. Desde então, a imagem passou a ilustrar todas as capas da revista.
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