sexta-feira, 23 de fevereiro de 2007

Projeto ecológico cria unidades de produção alternativa para geração de renda

Alana Gandra

A produção de materiais alternativos à madeira de lei em comunidades que cultivam bananeiras e palmeira pupunha (da qual se extrai o palmito) é a proposta da microempres Fibra Design Sustentável, criada por alunos da Escola Superior de Design Industrial (Esdi), da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Eles desenvolveram dois produtos que podem substituir madeiras nobres na fabricação de móveis e revestimentos - a bananaplac e o compensado de pupunha.

A microempresa se encontra em processo de pré-incubação na recém-criada Incubadora de Design da UERJ. O gerente da Incubadora, Wagner Breta, disse hoje (22) à Agência Brasil que, dessa forma, as comunidades, em geral formadas por pessoas carentes, terão uma alternativa nova de geração de emprego e renda. “Tem todo um trabalho social também envolvido com isso”, destacou. O projeto “pega uma coisa que, até então, era lixo e está aumentando o ciclo de vida da espécie, para um mercado de consumo que tem capacidade de gerar renda para a população, procurando aplicação industrial e fugindo um pouco do artesanato”, explicou um dos criadores da Fibra Design Sustentável, o estudante Thiago Machado Maia. O projeto prevê a instalação de Unidades Modelo de Produção (UMP) nas várias comunidades plantadoras de bananeiras e de pupunha. Thiago Maia disse que a Fibra está negociando com a Fundação Odebrecht, na Bahia, a instalação da primeira unidade de produção de bananaplac numa região bananicultora assistida pela entidade. "A idéia é essa: criar núcleos de produção. Criar várias unidades produtivas nas regiões, por exemplo, de bananas”. Segundo Thiago, como isso envolve o processo de captação de recursos, a parceria com empresas privadas seria bem-vinda.

A Fibra Design Sustentável pediu financiamento ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para instalação de um laboratório na UERJ. A unidade vai aprofundar os trabalhos com fibras naturais, para desenvolvimento de novos materiais e produtos e aplicações com tais matérias-primas. “Tem todo um apelo de design envolvido. Aí, então, vão procurar empresas interessadas em produzir e comercializar esses materiais e produtos”, afirmou Bretas. De acordo com Thiago, o que se pretende é obter recursos a fundo perdido do Fundo Tecnológico do BNDES para implementar o laboratório de pesquisas e desenvolvimento de materiais provenientes de resíduos da agroindústria de biocombustíveis. Ele disse que a empresa tem também como meta usar resíduos de outras plantas, como mamona e babaçu. O objetivo é o mesmo: substituir madeira. "A linha de pesquisa e de aplicação é a mesma”, afirmou.

Os alunos da Esdi têm apostado muito na bananaplac mas, até agora, só conseguiram plicar o produto para revestimento.“Seriam painéis finos, mais para substituição da fórmica”. Como chapa estrutural ainda é inviável, porque faltam recursos para pesquisas mais aprofundadas. Entretanto, quando houver produção em escala, o produto se tornará competitivo no mercado, disse o estudante.

Fonte: Agência Brasil

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