quarta-feira, 21 de fevereiro de 2007

Projeto vai estudar alterações climáticas de cada área do Brasil

Nadir Rodrigues Pereira

Após concluir um estudo sobre os impactos das mudanças climáticas na agricultura brasileira, a Embrapa Informática Agropecuária (Campinas, SP), unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, em parceria com o Cepagri (Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas à Agricultura) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), vai pesquisar o impacto que cada região do País sofrerá com o aquecimento global previsto pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, sigla em inglês).

O projeto estudará, ainda, culturas que não foram avaliadas no estudo anterior, especialmente a cana-de-açúcar por ser considerada matriz energética essencial para minimizar a emissão de gás carbônico na atmosfera. De acordo com o pesquisador da Embrapa Informática Agropecuária Fábio Marin é muito importante dar continuidade aos estudos ligados ao aquecimento global, já que é uma área complexa. “Essa avaliação que fizemos foi importante por ter sido a primeira e por ser um levantamento de impacto. Agora nossa intenção é aprimorar esses trabalhos.”Segundo Marin, o uso de combustível fóssil é o fator que mais contribui para a elevação das temperaturas, mas a solução não é apenas trocar uma matriz energética por outra, como a substituição do petróleo pelo álcool, e sim reduzir o consumo destes produtos.Para o pesquisador, o Brasil dispõe de todas as ferramentas para enfrentar o atual cenário climático, desde que haja recursos para pesquisa. “O Brasil é exemplo no uso do álcool, uma vez que já usa cerca de 40% desse combustível. Temos essa tecnologia para mostrar para o mundo e exportá-la”. O Brasil pode aproveitar esse momento para crescer e se desenvolver. Basta investirmos em pesquisa”, garante.

O diretor-associado do Cepagri Hilton Silveira Pinto acredita que o País está no caminho certo. Para ele, o Brasil é um dos principais países a tomar consciência da gravidade do problema. “Acho que hoje os pesquisadores e técnicos brasileiros estão muito conscientizados de que o problema é sério”, afirma.O estudoO projeto finalizado pela Embrapa Informática Agropecuária em 2005 prevê impacto drástico na produção agrícola brasileira, caso a temperatura média do planeta aumentasse entre 1 e 5,8º C (graus Celsius). O estudo contemplou cinco culturas: soja, milho, arroz, feijão e café, avaliadas em todo o território nacional. As simulações, feitas com técnicas de geoprocessamento e modelagem climática, indicaram que a área com aptidão para soja no Brasil, atualmente em cerca de 3,4 milhões de quilômetros quadrados, seria reduzida para algo em torno de 1,2 milhão, se essa situação se confirmasse. Foi verificado, ainda, possível redução na área plantada de café nos estados de São Paulo, Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Bahia e um ligeiro aumento no Paraná. Atualmente, o estado de São Paulo tem 39,1% de sua área apta para o zoneamento do café. Caso ocorra um aumento de 1ºC na temperatura mais 15% de chuva, a área apta ao plantio seria reduzida para 29,8%. Com mais 3ºC na temperatura e 15% de chuva, a área favorável seria de 15%. Numa simulação em que a temperatura aumentasse 5,8ºC e a chuva 15%, o estado deixaria de produzir café, uma vez que apenas 1,1% de seu território estaria apto ao plantio.

Fonte: Embrapa

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