Painel Intergovernamental para Mudança Climática tem respaldo da ONU. Órgão é autoridade científica máxima sobre aquecimento global
O Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática (IPCC, na sigla em inglês), que publicou seu primeiro relatório global em seis anos, é a mais alta autoridade científica do mundo sobre aquecimento global. Criado em 1988 pela Organização Meteorológica Mundial (OMM) e pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), o IPCC avalia e resume os melhores dados disponíveis sobre gases de efeito estufa e mudança climática. As centenas de cientistas atmosféricos, oceanógrafos, especialistas em gelo, economistas, sociólogos e uma miríade de outros especialistas que compõem o IPCC têm como tarefa trabalhar de forma neutra e equilibrada. Cabe a eles tirar conclusões apenas sobre o que é conhecido e provado e ser abertos e honestos sobre áreas onde haja dúvidas, ignorância ou debate.
Quase desconhecido do público em geral, o IPCC publicou apenas três destes "relatórios de avaliação" desde seus primórdios, mas cada um teve grandes repercussões. Embora estes efeitos possam levar meses ou até alguns anos para acontecer, o que se inicia como um painel anônimo de cientistas acaba repercutindo na sociedade como um todo. O IPCC forja políticas governamentais, influencia estratégias corporativas e decisões de vida dos indivíduos, e dá ao caldeirão político uma poderosa colher. O Painel conta com três grupos de trabalho de homens e mulheres, nomeados por governos e organizações internacionais, que são especialistas em seus campos particulares. Eles perscrutam análises e literatura publicada e resumem estas descobertas, pois o IPCC não realiza pesquisas próprias.
O Grupo de Trabalho 1, cujo relatório foi publicado agora, depois de uma reunião de quatro dias, atualiza o conhecimento sobre a base científica a respeito da mudança climática. O Grupo de Trabalho 2 lida com os impactos prováveis da mudança climática. Seus membros se reunirão em Bruxelas entre 2 e 5 de abril. O Grupo de Trabalho 3 analisa esforços para reduzir a poluição por carbono e adaptações à mudança climática. Seu encontro, em Bangcoc, será celebrado entre 30 de abril e 3 de maio. Cada grupo pode avaliar até milhares de estudos. Seu esboço de resumo é submetido a uma revisão em dois estágios, feita por assessores independentes e governos antes de ser submetido a plenário, onde pode ser vetado linha por linha ou até mesmo palavra por palavra antes da versão final ser aprovada por consenso. A influência do IPCC se deve a esta abordagem exaustiva, à ponderação dos fatos e à busca por equilíbrio. O relatório de cada grupo de trabalho compreende duas seções principais - um amplo resumo técnico-científico, além de um "sumário para os criadores de políticas", com cerca de 50 páginas. O processo é concluído em um relatório-síntese, que será submetido a acordo este ano durante um encontro em Valência, Espanha, entre 12 e 16 de novembro.
Apesar de sua reputação respeitável, a breve história do IPCC não esteve livre de controvérsias. Robert Watson, um destacado cientista britânico-americano que era freqüentemente aberto sobre as mudanças climáticas, foi destituído do cargo de presidente do Painel em 2002, após apenas um mandato. Na época, atribuiu-se a saída de Watson a pressões do governo do presidente americano, George W. Bush. Watson foi substituído por um vice-presidente da organização, Rajendra Pachauri, um respeitado cientista indiano. O IPCC tem um pequeno secretariado, sediado na OMM, em Genebra. Mais informações em: www.ipcc.ch
Fonte: Globo.com
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