Equipamento desenvolvido no Cietec/USP utiliza oxigênio do ambiente para gerar ozônio, gás que tem propriedades oxidantes e bactericidas e pode ser utilizado para purificar a água de piscinas ou de efluentes industriais
Thiago Romero
Uma empresa há dois anos abrigada no Centro Incubador de Empresas Tecnológicas (Cietec), no campus da Universidade de São Paulo (USP), na capital paulista, acaba de lançar o BRO3, equipamento gerador de ozônio (O3) a partir do oxigênio (O2) obtido do ar ambiente. O aparelho, indicado para o tratamento da água em piscinas, aquários, caixas d'água e efluentes industriais, é formado por três componentes principais: secador de ar, gerador de ozônio e centro de comando. As pesquisas foram desenvolvidas em parceria com o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT).
Após ser captado da atmosfera, o ar ambiente, que tem cerca de 20% de oxigênio, perde umidade no secador e entra no gerador de ozônio. Ali, o oxigênio recebe uma descarga elétrica para que suas moléculas se quebrem e se agrupem novamente na forma de ozônio. Segundo os pesquisadores, o processo não agride o meio ambiente, pois não utiliza nenhum produto tóxico.
“Essa técnica de obtenção de ozônio a partir de uma alta tensão elétrica em moléculas de oxigênio, conhecida como efeito corona, é utilizada há muitos anos em diversos países. O ozônio, que tem propriedades oxidantes e bactericidas, nada mais é do que uma superconcentração de oxigênio”, disse Samy Menasce, diretor da Brasil Ozônio, empresa incubada no Cietec, à Agência FAPESP. “O que fizemos foi utilizar técnicas conhecidas para desenvolver um equipamento que chega a custar dez vezes menos do que modelos semelhantes fabricados em outros países”, disse. O ozônio pode ser aplicado no ar ou na água, em substituição ao cloro, para a eliminação de bactérias.
Segundo Menasce, quando o gás é transferido para a água, um dispositivo conhecido como “venture” deve ser acoplado ao gerador de ozônio. “O venture é um tubo plástico com algumas deformações internas que agitam o gás antes de ele ser inserido na água ”, explicou.
Para que a água seja tratada antes de chegar à piscina, o venture é instalado junto ao filtro. “Com o centro de comando, é possível programar a limpeza da água periodicamente. Outra vantagem é que todo o equipamento em funcionamento consome energia equivalente à de uma lâmpada de 200 watts”, disse. O ozônio pode ser usado ainda para aplicações como a eliminação de fungos em sementes. Nesse caso, que envolve um projeto de pesquisa realizado pela Brasil Ozônio e pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o ozônio deve ser aplicado no ar.
“É preciso redobrar o cuidado com esse tipo de aplicação, pois, a partir de concentrações específicas, o ozônio pode ser tóxico. No ar, por exemplo, o gás deve ser aplicado somente em lugares fechados e que não tenham presença humana”, ressaltou Menasce.
A Brasil Ozônio tem mais de 70 aplicações de ozônio solicitadas por empresas, em diferentes setores industriais. “Desse total, temos apenas 15 soluções tecnológicas já prontas, o que deixa evidente a necessidade de novas pesquisas científicas na área”, afirma Menasce. O trabalho de desenvolvimento do BRO3 teve apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
Fonte: Agência Fapesp
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