Fabrício Escandiuzzi
Lixo em muitas maternidades brasileiras, os cordões umbilicais e as placentas estão sendo utilizadas por pesquisadores do Laboratório de Neurobiologia e Hematologia da universidade. A equipe usa material dos partos realizados no Hospital Universitário de Florianópolis e uma das grandes vantagens é que esses tecidos não acarretam problemas éticos e religiosos, como no caso das células-tronco embrionárias. A pesquisa estuda a transformação de dois tipos específicos de células: as hematopoéticas e as mesenquimais. As hematopoéticas estão ligadas ao sangue e servem, por exemplo, para o tratamento de leucemias. Já as mesenquimais são capazes de gerar tecido cardíaco e neural. Esse material tem a capacidade de se transformar em diferentes tecidos e sobre elas estão depositadas esperanças para melhoria do tratamento do câncer, doenças cardíacas e neurodegenerativas, como Parkinson e Alzheimer.
O uso de material gerado através do sangue do cordão umbilical já é realizado há algum tempo. O grande problema é que o material obtido é considerado insuficiente para utilização em adultos. "O maior potencial está na terapia em crianças por estarem em estágio primário de desenvolvimento, por terem mais chances de serem bem aceitas pelo receptor em transplantes", diz professor Márcio Alvarez Silva, coordenador do projeto. Ele explica que os pesquisadores se questionaram de onde viriam as células do cordão umbilical e chegaram à placenta. "Nos perguntamos de onde viria esse material e chegamos à placenta. Era o lógico, estava diante dos nossos olhos há muito tempo", conta. "Ali encontramos as células e começamos a encarar a placenta como material de possibilidades clínicas muito interessantes".
Os pesquisadores agora estão estudando as células geradas pela placenta in vitro e em testes em animais e ovos de aves. As células-tronco de cordão umbilical e da placenta são injetadas nos vasos sanguíneos dos ovos e eles observam sua capacidade de reconhecer pontos específicos. Os estudos com células-tronco mesenquimais usando ovos de aves são pioneiros no Brasil e o grande desafio, segundo Alvarez, é a célula reconhecer o local para onde deve agir. Márcio diz ser muito interessante encontrar num material que era destinado ao lixo hospitalar, a esperança para diversos problemas clínicos. "Era um material descartado que pode ser usado em tratamento de doenças e regeneração de tecidos", afirma, acrescentando que vários outros estudos estão sendo realizados. "Iremos acompanhar o desenvolvimento dessas células para que ela seja tratada como medicamento de fato".
O custo de um enxerto ou transplante de medula óssea gira em torno de R$ 70 mil. O sistema de produção de células e a sua amplificação in vitro custam aproximadamente R$ 2 mil, segundo o professor Márcio. "É uma economia imensa para o Ministério da Saúde".
Fonte: Redação Terra
Um comentário:
como consigo lixo hospitalar(feira de ciÊncias)
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