sexta-feira, 4 de maio de 2007

Estudo aponta alternativa agrícola para o controle na emissão de gases poluentes

Fernando Sinimbu

A alternativa para o controle da emissão de gases poluentes pela agricultura, como o dióxido de carbono, que vem contribuindo para o aquecimento global, é o sistema integrado lavoura-pecuária. Esta é a conclusão de um estudo do pesquisador Luiz Fernando Leite, da Embrapa Meio-Norte (Teresina-PI), unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, feito durante um ano, em curso de pós-doutorado, no Agricultural Research Service, nos Estados Unidos.

No estudo de seqüestro de carbono - cujo conceito nasceu e consagrou-se pelo Protocolo de Kioto, no Japão, em 1997, e que consiste na remoção de dióxido de carbono da atmosfera pelas plantas e o armazenamento dele como matéria orgânica do solo - o pesquisador da Embrapa usou modelos de simulação em computador.Foram avaliados vários sistemas de produção agrícola usados nos cerrados do Nordeste, Centro-Oeste e Sudeste do Brasil. Do Nordeste, foram avaliados os sistemas praticados nos municípios de Baixa Grande do Ribeiro, no Piauí, e São Raimundo das Mangabeiras, no Maranhão.O sistema integrado lavoura-pecuária consiste na diversificação da produção, buscando o aumento e a eficiência na utilização dos recursos naturais e a preservação do meio-ambiente. O resultado é o incremento da produtividade e a conseqüente melhoria da renda do agricultor, além da estabilidade dele no campo.E tem mais: o consórcio de culturas ou cultivos múltiplos nesse sistema, permite, durante o ano e numa mesma área, a produção de grãos no período das chuvas, que no Piauí e Maranhão é de novembro a abril, e de forrageira para o gado bovino na entressafra – de maio a outubro -, além de palhada em quantidade e qualidade para a viabilidade do plantio direto.

No trabalho de Luiz Fernando Leite, ficou comprovado que os sistemas de plantio direto, não associado à integração lavoura-pecuária, embora considerado conservador, e o convencional, em que é forte o uso de máquinas com arados e grades, utilizados em todo o País, têm aumentado a emissão de gases poluentes na atmosfera. “Os modelos utilizados estimaram que essa emissão continuará pelo menos nos próximos 40 anos, caso não haja mudanças nos sistemas”, revela o pesquisador.O quinto poluidor - Mas o grande nó da questão, segundo ele, pode ser desatado a partir do aporte de pelo menos 8 toneladas anuais de biomassa no solo, por hectare. O Brasil ocupa hoje a quinta posição no time dos países com maiores taxas de emissão de gases poluentes. Os estados do Amazonas, Mato Grosso, Tocantins e Maranhão, são os maiores poluidores através da agricultura convencional e do uso das queimadas como método de preparo da terra. Todos os países juntos, hoje, segundo a Organização das Nações Unidas para a Mudança do Clima, polui a atmosfera com as indústrias e queima de combustíveis fósseis em 66 por cento, agricultura e pecuária – 20 por cento e queima de florestas em 14 por cento.

Estados Unidos e Austrália são os maiores poluidores. Os americanos, pressionados pelos ambientalistas de todo o planeta, estão prometendo reduzir a emissão de gases com até 20 por cento de etanol na mistura da gasolina.No Protocolo de Kioto, do qual o Brasil é signatário, e que foi ratificado por 141 países, em janeiro de 2005, ficou estabelecido o compromisso da redução da emissão de gases poluentes em até 5,2 por cento até 2012. A meta é considerada acanhada pela maioria dos cientistas em todo o mundo. Eles acreditam que seriam necessárias reduções de pelo menos 60 por cento para que os efeitos sobre o clima fossem realmente expressivos.

Fonte: Embrapa

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