sexta-feira, 4 de maio de 2007

Pesquisa avalia efeitos regionais do aquecimento global

Nadir Rodrigues Pereira

Um estudo sobre possíveis impactos de mudanças climáticas na agricultura brasileira desenvolvido em 2001 pela Embrapa Informática Agropecuária (Campinas-SP), Unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - Embrapa, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, em parceria com o Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas à Agricultura - Cepagri, da Universidade Estadual de Campinas - Unicamp, apontou que poderão ocorrer efeitos drásticos sobre a produção agrícola brasileira até 2020.

Com isso, a partir de agora as pesquisas sobre alterações climáticas realizadas serão focadas em regiões específicas do País com o objetivo de verificar a validade das projeções. De acordo com as últimas conclusões, a temperatura média global poderá ter aumento de 1º C até 2020, mudança que antes era esperada para 2050. Se a elevação ocorrer, a produção de café no Brasil poderá ter queda de aproximadamente 15%, sendo a mesma proporção no Estado de São Paulo, 24% em Goiás, 19% em Minas Gerais e 16% no Paraná. Já a soja poderia ter sua produção diminuída em cerca de 14%, o arroz, 4%, o feijão, 3% e o milho, 2%. O chefe-geral da Embrapa Informática Agropecuária, Eduardo Delgado Assad, lembra que, se não forem tomadas medidas que atenuem os efeitos do aquecimento global, o País poderá deixar de exportar cerca de US$370 milhões em café até 2020. Segundo o pesquisador, a partir de agora as pesquisas serão fiocadas em regiões específicas do Brasil, sobretudo o Nordeste e o Sul, e avaliará o efeito de elevações climáticas para a produção de cana-de-açúcar, já que a substituição de combustível fóssil por etanol - produzido a partir da cana - contribui para a diminuição de emissão de gás carbônico na atmosfera.

O objetivo dos próximos trabalhos é comprovar as projeções feitas. “Temos todas as indicações teóricas de que estas previsões vão se confirmar, mas estes números são apenas cenários. Precisamos realizar trabalho de campo para comprovar as conclusões”, ressalta Assad. Há soluções para minimizar os impactos do aquecimento da Terra previsto pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas - IPCC em relatório divulgado em fevereiro, segundo o pesquisador da Embrapa. Assadacredita que o Brasil possui competência e profissionais capacitados para descobrir como amenizar os efeitos das alterações no clima, o que demanda muito investimento em pesquisa. “Não podemos apenas discutir o assunto, temos que agir, estudar e organizar grupos de trabalho para atuar no campo. Só assim poderemos encontrar soluções.” A Embrapa mantém uma plataforma com mais de 50 linhas de pesquisas em mudanças climáticas, articulada pelo Departamento de Pesquisa e Desenvolvimento (DPD) da empresa. O trabalho avalia clima, solo, gases e agroenergia, o que resulta em estudos sobre sistema de produção, melhoramento genético, tendências climáticas, entre outros.

Neste cenário, o papel da Embrapa Informática Agropecuária é organizar todas as informações obtidas pelos estudos. Segundo Assad, a Unidade possui um bombanco de dados de clima e solo e pretende organizar informações sobreagroenergia e gases. “Nossa expectativa é que consigamos reunir a maioriadas informações necessárias para que outras Unidades da Embrapa e do (Sistema Nacional de Pesquisa Agropecuária - SNPA possam trabalhar.”
A atuação da Embrapa em pesquisas referentes a mudanças climáticas será ampliada, pois a instituição coordenará estudos relativos à agricultura para uma rede nacional de pesquisa em mudanças climáticas, criada pelo Ministério da Ciência e Tecnologia. A rede envolve, ainda, trabalhos com a área de saúde, indústria e meio ambiente. “Estamos com as melhores expectativas, pois vamos trabalhar conjuntamente. Se o País estiver organizado, poderemos transformar recursos em projetos”, conclui Assad.

Fonte: Embrapa

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