Regan Morris
Recentemente, uma leoa marinha desamparada e possivelmente grávida foi trazida de maca ao Centro de Tratamento de Mamíferos Marinhos de Los Angeles, no momento em que dois outros leões marinhos eram acomodados em jaulas nas quais seriam levados de volta ao oceano. "As coisas são assim; liberamos dois mas logo chega outro paciente", disse Lauren Palmer, veterinária chefe do hospital. Peter Wallerstein, da Equipe de Resgate a Baleias, uma organização privada que tem autorização da cidade de Los Angeles para resgatar baleias e outros mamíferos marinhos em dificuldades nas águas da cidade, disse ter encontrado a leoa marinha na areia da vizinha praia de Manhattan. Ele temia que ela talvez estivesse sofrendo de envenenamento por ácido domóico, uma toxina liberada por certas variedades de algas de grande porte e capaz de causar convulsões em leões marinhos.
Os hospitais que tratam de mamíferos marinhos no sul da Califórnia vêm recebendo número enorme de leões marinhos contaminados pelo ácido domóico, cuja presença nas águas em torno de Los Angeles atingiu nível recorde em abril. O envenamento pelo ácido matou centenas de animais nos últimos meses, começo da primavera, e milhares desde o primeiro grande surto, em 2002, e também está atingindo os animais da baía de Monterey, ao sul de San Francisco. "Em mais de 22 anos trabalhando no resgate de mamíferos marinhos, nunca vi tantos problemas entre essas criaturas", disse Wallerstein. "O estresse e o medo, é bastante chocante".
O centro de Los Angeles recebeu cerca de 120 leões marinhos desde 1° de março, e outros 70 animais da espécie podem estar sofrendo de envenenamento por ácido domóico na região, disse Palmer. Até agora, cerca de 35% dos animais envenenados morreram; outros se recuperaram e foram devolvidos ao mar, diz Palmer. Alguns leões marinhos internados no centro são filhotes emaciados, com os ossos aparente por sob sua pele macia.
Em 26 de abril, a presença de toxinas associadas ao ácido domóico no plâncton que existe nas águas ao largo de Los Angeles era duas vezes superior ao pico anteriormente registrado, de acordo com Astrid Schnetzer, professora e pesquisadora do Laboratório Caron de Biologia Ambiental Marinha, parte da Universidade do Sul da Califórnia. Os níveis de toxinas se dissiparam, desde então, mas Schnetzer disse que é possível que voltem a subir. Com uma população de entre 200 mil e 300 mil espécimes, os leões marinhos da Califórnia não são de forma alguma uma espécie ameaçada, mas as mortes e os níveis elevados de toxinas causam preocupação aos cientistas e ambientalistas. Schnetzer disse que os cientistas do Laboratório Caron ainda não conseguem explicar a presença elevada do ácido, mas estão estudando uma combinação de fatores como alterações climáticas, poluição e a presença de nutrientes na água.
Palmer e outros especialistas enfatizaram que os peixes vendidos no varejo e nos restaurantes da região estão livres de riscos, porque são fiscalizados pelo governo.
Joe Cordero, do Serviço Nacional de Pesca Marítima, no entanto, instou as pessoas que pescam no sul da Califórnia a pensar duas vezes antes de comer os peixes que apanham (ainda que ele tenha dito que as toxinas em geral se concentram nas tripas, e não na carne, dos peixes).
No mês passado, em uma praia rochosa no distrito de San Pedro, em Los Angeles, Wallerstein observava com orgulho dois leões marinhos reabilitados e dois filhotes de foca abandonados entrando, desajeitados, no mar. "Raramente tenho a chance de ver algo assim", disse ele sobre os leões marinhos, quer brincaram na rebentação antes de saírem nadando mar adentro.
Fonte: The New York Times
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