Barreiras separariam espécies que hoje transitam entre os dois países
O México fez um apelo para que os Estados Unidos alterem o projeto que prevê a construção de mais cercas na fronteira entre os dois países. As autoridades mexicanas alegam que, se o plano não sofrer alterações, a obra prejudicará o meio ambiente e será uma ameaça às espécies selvagens que vivem na região. "A eventual construção dessa barreira colocaria em risco os vários ecossistemas que compartilhamos", disse o ministro do Meio Ambiente do México, Juan Rafael Elvira, durante entrevista coletiva.
Segundo Elvira, o governo mexicano está disposto a levar o caso ao Tribunal Internacional de Justiça, em Haia, na Holanda, se Washington não atender aos seus apelos. Um relatório de especialistas e ativistas ambientais, encomendado pelas autoridades mexicanas, conclui que as novas barreiras poderão isolar grupos de espécies como jaguares, ursos mexicanos e um antílope típico da região de Sonora, nos Estados Unidos. Além disso, diz o relatório, o uso de luzes intensas e radares pode afetar o comportamento de espécies noturnas.
Cercas vivas
Como forma de minimizar o impacto ecológico, o estudo sugere a construção de "corredores verdes" que permitam o trânsito dos animais selvagens - e, ao mesmo tempo, não ofereçam uma rota para as pessoas que tentam cruzar a fronteira ilegalmente. Outra sugestão do relatório é a utilização de "cercas vivas" de cactos e barreiras permeáveis, que permitam a passagem de água, insetos e pólen. As barreiras foram concebidas com o objetivo de coibir a imigração ilegal, tema de muita polêmica nos Estados Unidos. O projeto prevê que as cercas sejam construídas ao longo de 1.125 quilômetros da fronteira e que contem com equipamentos de monitoramento de alta tecnologia, incluindo sensores e luzes fortes. As áreas atravessadas pelo trajeto da barreira incluem a Baixa Califórnia e o Arizona, onde fica o Deserto de Sonora, um dos mais importantes ecossistemas desérticos do mundo. Autoridades mexicanas disseram que querem explorar alternativas junto aos Estados Unidos antes de encaminhar o caso à Justiça internacional.
O secretário do Interior dos Estados Unidos, Michael Chertoff, sustenta que a barreira é necessária e rejeita argumentos de que o Rio Grande já funciona como um impedimento à migração ilegal. Chertoff alega que as pessoas atravessam o rio quando o nível das águas baixa. Estima-se que 12 milhões de estrangeiros vivam ilegalmente nos Estados Unidos.
Fonte: BBC Brasil
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