segunda-feira, 20 de agosto de 2007

Ibama lacra sete serrarias em Buriticupu e madeireiros reagem com protesto violento

Numa ação relacionada à Operação Entorno, conduzida pelo IBAMA em parceria com a Polícia Rodoviária Federal, o Exército e o Batalhão de Policiamento Ambiental do Estado do Maranhão com o objetivo de coibir a atividade madeireira ilegal nos arredores da Reserva Biológica do Gurupi e Reserva Indígena Araribóia, uma equipe de fiscais ambientais e policiais foi enviada a Buriticupu (MA) para fazer o levantamento de pátios de todas as serrarias daquele município e retirar a madeira encontrada ali sem comprovação de origem. Das 30 empresas vistoriadas, sete foram embargadas pelo IBAMA por estarem funcionando sem licença, até o dia 10 de agosto o saldo era de 48 autos de infração expedidos totalizando R$ 1.354.303 em multas. No total foram apreendidos 4.424,895 metros cúbicos de madeira em toras e 250,519 metros cúbicos de madeira serrada. A Secretaria Estadual de Meio Ambiente já havia suspendido o cadastro de todas as serrarias do município até a apresentação dos relatórios de atividade das mesmas.

Na última quinta-feira (16 de agosto), a coordenação da operação conjunta enviou caminhões ao município para retirar parte da madeira apreendida e 509 metros cúbicos de madeira que foi abandonada no mato ao longo da estrada pouco antes da chegada da fiscalização. Mas enquanto realizavam esse trabalho, os agentes foram recebidos com um protesto organizado por madeireiros que fecharam o comércio e a principal via de acesso ao município com uma barricada com pneus queimados, no Km 515 da BR-222, altura do povoado Sagrima. Segundo informações da Polícia Militar cerca de duas mil pessoas participaram da manifestação.
Os Policiais Rodoviários Federais se dirigiram para o local da manifestação com intuito de acalmar a população e desobstruir a rodovia, contudo foram recebidos por paus e pedras pelos manifestantes que apedrejaram as viaturas da Policia Rodoviária Federal e feriram um agente que passa bem. Com objetivo de conter os manifestantes mais exaltados que tentavam linxá-los, os policiais defenderam-se com o uso de bombas de efeito moral e balas de borracha, todavia a ação não surtiu efeito desejado havendo a necessidade de um recuo stratégico por parte dos mesmos, e a troca de tiros como forma de defesa com um dos manifestantes armados, o qual foi baleado e se encontra hospitalizado.

Após o recuo da PRF, que se juntou a equipe do IBAMA com os caminhões, os manifestantes avançaram em direção ao comboio composto pela PRF, IBAMA, caminhões e máquina carregadeira que se deslocava em direção a Santa Inês, interceptando e incendiando a pá-carregadeira, alugada para a operação de carregamento e descarregamento das toras e agredindo o operador da máquina. Após o confronto, a equipe conseguiu sair da cidade com dois caminhões carregados de toras num volume total de 56,524 m³ em direção ao município de Santa Inês, sede do Escritório regional do IBAMA, já estando em segurança. No início da semana, uma equipe de fiscais do órgão ambiental federal e do Batalhão de Polícia Ambiental já havia encontrado ao Sul da Rebio (unidade de conservação de proteção integral) um pico de desmatamento com 372 árvores derrubadas, e apreendeu ali além da madeira um trator, maquinário, um caminhão, duas motosserras e oito armas de fogo. Depois disso, a equipe se dirigiu à região do assentamento do Aeroporto para verificar a denúncia de que havia uma empresa desmatando para instalar uma obra de eletrificação rural dentro da Reserva. Com a constatação de desmatamento e queimada recentes, o IBAMA embargou a obra a cargo da empresa ETE e apreendeu dois caminhões.

Buriticupu

É um dos municípios com maior índice de desmatamento no estado do Maranhão (97% da cobertura vegetal perdida) e, por não ter mais suporte para obtenção de matéria-prima para a atividade madeireira que é uma das bases principais da economia local, tornou-se um grande foco de pressão sobre a Reserva Biológica e as áreas indígenas situadas no noroeste do estado. A “Operação Força e Soberania” do IBAMA, com apoio do Exército, da Polícia Federal, Batalhão de Policiamento Ambiental e PRF, continua com um acampamento montado dentro da Rebio para combater a retirada ilegal de madeira e proteger esta última área remanescente da Floresta Amazônica no Maranhão.

Fonte: Ibama

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