segunda-feira, 20 de agosto de 2007

Pesquisa analisa relação entre dengue e fatores sociais

Igor Cruz

Nova Iguaçu – município que registrou os primeiros casos de dengue nas três epidemias da doença já enfrentadas pelo Estado do Rio de Janeiro – foi alvo de uma pesquisa do Departamento de Endemias da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp) da Fiocruz. O objetivo principal era analisar a relação entre o dengue e fatores sociais. Os resultados – que estão na dissertação de mestrado em saúde pública de Juliana Pires Machado – confirmam que a doença atinge indistintamente pessoas de todas as classes socioeconômicas, mas também apontam que uma proporção maior de moradores adoece nas áreas marcadas pela desigualdade social. O município, situado na Baixada Fluminense, tem 844 mil habitantes.

Outro ponto discutido na dissertação é a água, considerada uma questão problemática para a ocorrência do dengue. O fornecimento não é regular e os moradores, sem saber quando suas casas serão abastecidas novamente, se vêem obrigados a estocar água – o que nem sempre é feito de forma segura. “Os recipientes ficam destampados e se transformam em criadouros para o mosquito transmissor do dengue”, explica Juliana. A pesquisadora construiu um indicador composto, isto é, elaborado a partir de seis indicadores individuais: razão de dependência (população distribuída entre as diferentes faixas etárias), proporção de chefes de família sem instrução, índice de pobreza, densidade demográfica, coleta de lixo e abastecimento de água adequados. Com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), calculou o indicador composto para diferentes bairros de Nova Iguaçu e comparou-os quanto à ocorrência de casos de dengue. Para determinar a incidência da doença, foram usados dados do Sistema Nacional de Agravos de Notificação (Sinan).

As análises mostraram, por exemplo, que bairros marcados pela acentuada desigualdade social e com muitas moradias à beira de vias de acesso apresentavam maior número de habitantes acometidos pela doença. Outra conclusão da pesquisa é que pessoas na faixa etária economicamente ativa são as mais atingidas pelo dengue – uma hipótese levantada para explicar esse achado é que elas circulam mais do que idosos e crianças. “É importante que a Prefeitura de Nova Iguaçu utilize os indicadores sociais para direcionar as ações de controle do dengue”, recomenda Juliana. Sua dissertação foi orientada pelos doutores em saúde pública Reinaldo Souza dos Santos e Rosely Magalhães de Oliveira.

Fonte: Fiocruz

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