Roberto do Nascimento
Imagine que a maior cidade do País e uma das maiores do mundo, São Paulo, não emitisse um grama sequer de gases que provocam o aquecimento global pelos próximos 245 anos. É mais ou menos esse um dos benefícios que o Protocolo de Quioto já representa para o mundo, resultado apenas de projetos adotados por países pobres e em desenvolvimento. Ou seja não estão considerados nesses números os esforços dos 32 países industrializados que assinaram o protocolo e têm metas obrigatórias de redução de emissão de gases-estufa.
O Conselho Executivo do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (vinculado à Organização das Nações Unidas) já registrou 2.470 projetos que buscam eliminar ou reduzir as emissões de gases como dióxido de carbono, metano, óxido nitroso e outros que contribuem para as mudanças climáticas. Somados, esses projetos representam a redução de emissões até 2012 de 3,87 bilhões de toneladas de dióxido de carbono ou seu equivalente em outros gases. Esse volume equivale a 245 vezes as emissões totais de gases-estufa da cidade de São Paulo durante um ano. O MDL, uma sugestão brasileira, foi a forma encontrada pelo Protocolo Quioto de incentivar os países pobres a reduzir suas emissões de poluentes. Só é considerado MDL o projeto que prova que, na ausência procedimento adotado, a poluição seria maior. Um dos exemplos clássicos do Brasil são os combustíveis. Cada quilo de gasolina (aproximadamente um litro) queimada pelos veículos, que tem 26% de álcool, libera cerca de 3 quilos de CO2. Essa proporção cai abaixo de 2 no caso do álcool.
Deve-se considerar, também, que a gasolina, derivada do petróleo, não retira gases-estufa em nenhum dos seus processos da produção ao uso. Ou seja, para extrair o petróleo, gasta-se combustível, para refinar, idem, gerando mais poluição, o mesmo para armazenar, distribuir e queimar nos carros. Já o álcool, além de menos poluente, é extraído, no caso brasileiro, da cana-de-açúcar, que para crescer retira do ar o gás carbônico. O acordo de Quioto, portanto, para incentivar empresas, entidades e governos dos países pobres a participar do esforço contra o aquecimento global, criou o MDL, que permite que cada tonelada evitada de poluentes seja vendida para um dos 32 países industrializados. Esta semana, por exemplo, a Prefeitura de São Paulo arrecadou, em leilão na Bolsa de Mercadorias & Futuros, R$ 34 milhões com a venda equivalente a 808 mil toneladas de gases que deixaram de ir para a atmosfera em um aterro sanitário.
Fonte: DiárioNet
Nenhum comentário:
Postar um comentário