segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Técnicos prevêem metas de poluição para o Brasil

Roberto do Nascimento

Dois especialistas na comercialização de créditos de carbono do Banco ABN Amro Real, considerado um dos mais atuantes em questões ambientais, prevêem que o Brasil e outros países em desenvolvimento poderá ter de adotar algum tipo de meta de redução de gases de efeito estufa já na próxima reunião para tratar o tema, em dezembro, em Bali, na Indonésia

Em contrapartida, acreditam Maurik Jehee e Desiree Hanna, o País poderá ser compensado com a preservação de florestas. O desmatamento é responsável por 75% das emissões de gases que provocam o aquecimento global e mantém o Brasil entre os quatro maiores poluidores do mundo. Para eles, a reunião das partes (chamada de COP13), para debater as normas que vigorarão após 2012, definidas no Protocolo de Kyoto, devem ter atenção especial, depois da premiação do ex-vice-presidente dos EUA Al Gore e do IPCC com o Nobel da Paz. "Talvez seja exagerado falar em impasse, mas é nítido que estamos numa situação em que a grande maioria está esperando que alguém, que não seja ele próprio, mexa-se: os ricos querem que os emergentes, e principalmente países como China, Índia e Brasil, assumam um compromisso de redução da emissão de gases-estufa. Por outro lado, os emergentes cobram maior responsabilidade dos ricos", afirmam.

Para Jehee e Hanna, fica cada vez mais claro que as chances de o Brasil assumir algum tipo de compromisso após 2012 maiores a cada momento. "Entendemos que isto assusta muita gente, mas cria também muitas oportunidades, porque a meta não deve ser tão dura quanto para a Europa, que já assumiu o compromisso de reduzir as emissões em 20% até 2020." O grande passivo ambiental brasileiro decorre do desmatamento e das queimadas e não do setor energético, destacam. "Dessa forma, o País terá muitas oportunidades de atingir as metas e ainda vender as reduções excedentes como créditos de carbono, investindo em ecoeficiência e continuando o caminho das energias renováveis (etanol, biodiesel, PCHs e eólica, por exemplo)."

A possibilidade de ter incentivo econômico para a preservação de áreas florestais deve ser vista como uma ótima alternativa para o Brasil conseguir controlar o desmatamento, podendo aumentar o prestígio internacional e competitividade dos produtos brasileiros, já que os consumidores de todo o mundo estão cada vez mais exigentes em relação à origem e forma de produção de bens, afirmam os especialistas do Real.

Fonte: DiárioNet

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