sexta-feira, 9 de novembro de 2007

Para fugir de predador, presas usam tripas, jato de sangue e até explosivo

Fingir-se de morto é até estratégia simples perto de outras no reino animal. Caçados podem desafiar caçadores ou até atacá-los para escapar da morte.

Os elefantes indianos que aprenderam a se fingir de mortos para denunciar a caça indiscriminada contra sua espécie são café pequeno (apesar do tamanho) perto das estratégias que as presas empregam rotineiramente contra os predadores no reino animal. Vale tudo: a típica provocação “você não me pega” empregada pelas crianças humanas; partir para o contra-ataque e intimidar o carnívoro; dar ao predador um pedaço do próprio corpo para distraí-lo; e até jogar um explosivo nas fuças dele. Passarinhos de vida social que têm filhotes pequenos, como os chapins do hemisfério Norte, muitas vezes são o alvo de gatos ou corujas, que querem pegar os bebês. As aves, no entanto, empregam a tática do mobbing (em inglês, algo como “formação de gangue”). Se percebem a aproximação de um predador, é comum que eles partam para cima do bicho, voando em torno dele para confundi-lo e até dando bicadas. Isso pode fazer o inimigo desistir do ataque ou, pelo menos, afastá-lo do ninho.

Mais ousadas ainda é a gazela de Thomson (Gazella thomsoni), um bicho velocíssimo que vive às voltas com leões e guepardos na África. Como as demais gazelas, sua principal defesa de um ataque é a corrida. Mas, antes de fugir, é muito comum que o bicho ande um pouquinho e comece a pular de pernas retinhas no ar, parado no mesmo lugar, como se desafiasse o predador. Essa atitude “você não me pega” é, para os biólogos, um jeito de mostrar para o leão que a gazela está em plena forma e que, portanto, não valeria a pena tentar comê-la, pois o predador gastaria sua energia à toa. Como a energia é um elemento precioso na natureza, é muito comum que o predador, ao ver essa exibição, acabe desistindo.

Armas químicas

Sempre dá para ficar mais radical, no entanto. Que o digam os pepinos-do-mar, parentes das estrelas do mar que são usados na culinária humana e também são predados por uma série de bichos marinhos. Sob ameaça, uma de suas medidas mais desesperadas é colocar para fora do corpo parte de suas vísceras, que são grudentas e podem prender o predador. Se o caçador desejar aproveitar esse lanchinho antes do prato principal, pode se dar mal, pois há substâncias tóxicas ali. Depois, o pepino-do-mar regenera as vísceras. Estratégia parecida é a do lagarto-de-chifres, comum em desertos da América do Norte.

Sob situações de fortíssimo estresse, o bicho pode espremer os vasos sangüíneos do olho de tal forma que eles lançam um esguicho de sangue na boca e nos olhos do predador. O troféu de refinamento máximo em termos de armas químicas, no entanto, fica com o besouro-bombardeiro, que é caçado por sapos e rãs. Em seu corpo, em compartimentos separados, ficam duas substâncias – água oxigenada e hidroquinina – que não são explosivos sozinhos. Quando ameaçado, no entanto, o besouro mistura os dois a uma terceira substância, ejetando tudo isso na forma de um jato explosivo e quente nas fuças do sapo que o ataca.

Fonte: Globo.com

Nenhum comentário: