O governo australiano vigiará com navios e aviões a próxima campanha dos baleeiros japoneses na Antártida, onde mais de mil de baleias devem ser mortas sob o pretexto de "fins científicos", que para a Austrália são simplesmente atividades comerciais. O ministro de Relações Exteriores da Austrália, Stephen Smith, disse em entrevista coletiva que a operação será comandada pelo Oceanic Viking, um navio de vigilância aduaneira. Durante 20 dias ele gravará com equipamentos de vídeo e fotografia a atividade dos baleeiros japoneses. Smith esclareceu que o navio não contará com armamento. Mas vai comunicar ao governo o comportamento dos baleeiros e o número e tipo de baleias abatidas. O chanceler australiano acrescentou que o governo trabalhista do primeiro-ministro Kevin Rudd pode pedir a adesão de outros países a uma campanha internacional contra a caça de baleias, que poderia ser lançada no começo de 2008. "Todas as opções estão em estudo, inclusive utilizar a Convenção Baleeira e a Convenção sobre Espécies em Perigo, e até mesmo recorrer à Corte Internacional de Justiça e ao Tribunal Internacional da Lei do Mar", disse Smith.
Ele acrescentou que Canberra emitirá um protesto formal a Tóquio, contra a campanha dos baleeiros na Antártida. Um diplomata será enviado ao Japão para tentar convencer o governo japonês a suspender a caça com "fins científicos". O Japão deve matar neste verão 935 baleias minke, 50 baleias fin e, pela primera vez em 40 anos, 50 baleias corcundas. O governo japonês afirma que o objetivo é desenvolver um programa de pesquisa. O programa sofre também a oposição de organizações ambientalistas como o Greenpeace. Hoje, 34 ativistas do grupo zarparam de Auckland (Nova Zelândia) a bordo do navio Esperanza, para atrapalhar os baleeiros e impedir a caça. Porta-vozes do grupo explicaram que o objetivo não é atacar os baleeiros, mas sim proteger as baleias, usando lanchas infláveis. O Esperanza deverá se encontrar com um navio da Sea Shepard Conservation Society. O grupo ambientalista, com base nos Estados Unidos, já foi acusado de adotar meios violentos contra os baleeiros japoneses.
Segundo o Greenpeace, o Japão caçou pelo menos 7.650 baleias "com pretextos científicos" entre 1987 e 2006. A Comissão Baleeira Internacional (CBI) só permite a caça com esses fins. A CBI havia solicitado em junho que o Japão suspendesse seu programa de "capturas com fins científicos", após uma resolução não vinculativa promovida pela Austrália, um dos maiores adversários da caça. A Comissão ratificou a moratória em vigor desde 1986 contra a caça de baleias com fins comerciais, apesar das pressões japonesas para permitir a pesca em pequena escala. A Noruega é o único país do mundo que permite a pesca comercial de baleias. Japão e Islândia caçam mais de 2 mil por ano com fins "científicos". Segundo as organizações ambientalistas, essa é uma forma de encobrir a caça comercial.
Peter Garrett, ministro de Meio Ambiente da Austrália e ex-integrante do grupo de rock Midnight Oil, declarou que a argumentação japonesa é um "engano". "Não é preciso arpoar baleias para extrair informação científica sobre elas. Todos os australianos concordam que o massacre de baleias não é científico. É cruel, bárbaro e desnecessário", disse Garrett.
Fonte: EFE
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