Roberto do Nascimento
O rio Cuiabá, um dos mais importantes do cerrado brasileiro, vai receber 5 milhões de mudas de plantas nativas para recompor a proteção das matas ciliares, colocadas abaixo pela ocupação desordenada, quando não ilegal, dos últimos anos. O projeto prevê a recuperação de 400 hectares por ano até 2013, superando os 2 milhões de hectares.
O Estado, um dos campeões brasileiros de desmatamento, com 2.476 quilômetros quadrados de florestas colocadas abaixo em 2006/2007, quer entrar para o noticiário como a região que vai recuperar todas as matas ciliares de sua rica bacia hidrográfica até 2020. Dos 903.357,9 quilômetros quadrados de Mato Grosso, 50% estão na Amazônia, o cerrado vem em seguir, e depois a área do pantanal. "Será um trabalho de fôlego", afirma o gerente do Instituto Ação Verde, engenheiro florestal Paulo Borges, responsável pelo projeto. Por trás do instituto não estão ONGs ou entidades ambientalistas, mas nada menos do que as principais entidades dos setores produtivos do Mato Grosso: Federação das Indústrias do Mato Grosso, Federação da Agricultura e Pecuária (Famato), Associação de Produtores de Soja (Aprosoja), Associação Mato-grossense de Produtores de Algodão (Ampa), Associação de Criadores (Acrimat). Sindicato das Indústrias Sucroalcooleiras (Sindálcool), Centro das Indústrias Produtoras e Exportadoras de Madeira (Cipem) e o Sindicato da Construção, Geração, Transmissão e Distribuição de Energia. O presidente da Fiemt, Mauro Mendes Ferreira, afirma que a iniciativa é inédita e busca o desenvolvimento sustentável do Estado.
Paulo Borges antecipa que os desafios para concretizar o programa são inúmeros, desde a obtenção dos milhões de mudas de vegetação nativa necessária até o convencimento de populações ribeirinhas, que dependem economicamente dos grandes rios. Mas confia no esforço das grandes entidades envolvidas e na compreensão da população, que terá vantagens com a recuperação dos rios, hoje mais sujeitos à poluição e ao assoreamento. Borges observa que, apesar das notícias sobre o alto índice de desmatamento em seu Estado, Mato Grosso ainda tem áreas de florestas a serem legalmente derrubadas, preservando os 80% obrigatórios de reservas.
Um dos objetivos é acabar com o desmatamento até 2014, mas Borges diz que o principal entrave é o econômico. "Um hectare de floresta vale R$ 1 mil, a mesma área desmatada e pronta para plantio ou criação sobe para R$ 6 mil. Temos de buscar mecanismos econômicos de compensação e assim agir ao mesmo tempo nas duas frentes, a da recuperação das matas ciliares e a da manutenção da vegetação existente", informa.
Fonte: DiárioNet
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