Roberto do Nascimento
O lixo continua sendo uma grande dor de cabeça para as cidades, mas algumas iniciativas já representam alento e geram recursos que podem ser aplicados no desenvolvimento de tecnologias capazes de resolver o problema. A cidade de São Paulo, por exemplo, poderá arrecadar cerca de meio bilhão de reais com a venda de créditos de carbono provenientes de um projeto em seus dois maiores aterros sanitários, o São João e o Bandeirantes, que deve evitar, até 2012, a emissão de 11 milhões de toneladas de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera. O CO2 é o principal gás de efeito estufa, fenômeno que causa o aumento da temperatura do planeta.
Além dos créditos, o lixo gera energia suficiente para abastecer 800 mil pessoas, quase 60% da população de uma cidade como Porto Alegre, por exemplo. As usinas instaladas transformam em energia elétrica a maior parte do gás produzido pela decomposição natural das 27 milhões de toneladas de resíduos sólidos depositados no aterro São João entre 1992 e 2007, mais a operação no aterro Bandeirantes, na zona oeste de São Paulo. "Este projeto nos ajuda a ter uma cidade mais limpa, porque aqui temos a convergência de dois importantes programas da Prefeitura voltados para a melhoria da qualidade do meio ambiente e para a geração de energia limpa e barata", afirma o prefeito Gilberto Kassab, segundo sua assessoria.
A usina termoelétrica inaugurada na semana passada é abastecida por gás captado por 126 poços espalhados em 80 hectares do aterro São João. O gás será bombeado por 30 km de tubos até os 16 motores capazes de gerar 200 mil Mwh por ano. No ano passado, com sistema semelhante utilizado no aterro Bandeirantes, 2 milhões de toneladas de dióxido de carbono de carbono deixaram de ser lançadas na atmosfera. O projeto, chamado de mecanismo de desenvolvimento limpo (MDL), atende as normas do Protocolo de Kyoto e permite a venda dos créditos aos países desenvolvidos que têm metas de redução de emissão de gases-estufa. Com isso, a prefeitura pode vender seus créditos em um leilão na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F), que rendeu cerca de R$ 34 milhões.
O aterro São João recebeu cerca de 6 mil toneladas de lixo urbano por dia, o correspondente à metade do total coletado na cidade. Entrou em operação em dezembro de 1992 e operou até outubro de 2007, quando formava uma montanha de lixo com quase 150 metros de altura. Desde a data da ativação até o final da vida útil, recebeu 27,9 milhões toneladas de lixo. A média diária de resíduos recebidos nos últimos anos foi de mais de 5 mil toneladas e a geração de chorume transportado por carretas para o tratamento pela Sabesp ultrapassa os 1.800 metros cúbicos por dia. O aterro Bandeirantes possui 140 hectares de área e recebe 6.700 toneladas de resíduos por dia. Cerca de 60% destes resíduos são de origem orgânica e produzem 1.500 metros cúbicos de chorume diários, o equivalente a 50 carretas de 30 mil litros cada uma.
Fonte: DiárioNet
Um comentário:
Gostaria de saber se o fundo que recebeu o capital decorrente da venda de créditos de carbono vinculados ao aterro Bandeirantes e receberá os recursos vindouros para investimento, fundo estes gerenciado pela Secretaria do Verde e Meio Ambiente, tem orçamento aberto ao público para que possamos saber se investimentos foram feitos na comunidade local sem termos de ir até a área.
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