Informações providas por satélites serão essenciais para subsidiar políticas públicas
O aquecimento do Planeta pela ação do homem já é uma realidade, segundo o Painel Intergovernamental de Mudança Climática (IPCC). A taxa de elevação tem sido de 0,2ºC por década, o que parece pouco perto das variações de temperatura que uma pessoa enfrenta durante o dia. No entanto, não se deve esquecer que apenas 5ºC nos separam da última era glacial. As conseqüências para o meio ambiente não serão das mais animadoras.
Prevêem-se o aumento do nível dos oceanos e alterações na linha costeira, desertificação da Amazônia, maior incidência de furacões e toda sorte de fenômenos influenciados pela temperatura no Planeta. Entre os especialistas, diz-se que mesmo que as emissões cessem imediatamente, o mundo sentirá os efeitos de todo o gás carbônico que já foi despejado na atmosfera. Se o marco limite para se retornar já foi ultrapassado, como estar preparado para enfrentar os desafios que se apresentarão nas próximas décadas? A resposta pode estar nos “olhos” que o homem conseguiu colocar no espaço para vigiar a Terra: os satélites. Segundo o chefe da Divisão de Sistemas e Satélites Ambientais do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (Cptec/Inpe), Luiz Augusto Machado, os satélites atuam em duas frentes fundamentais: a previsão climática e o monitoramento.
Enquanto a previsão analisa as condições meteorológicas e as tendências da temperatura, pressão, precipitação, nuvens, aerosóis, vento, ou seja, o clima em si, o monitoramento inclui a observação das conseqüências na superfície, principalmente na vegetação. “O satélite é a ferramenta que permite fazer medições contínuas de todo o globo terrestre; ele espacializa a informação, além de ter resolução temporal constante”, diz. Para o pesquisador Carlos Nobre, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe/MCT), em São José dos Campos (SP), isso é um sinal de que os dados fornecidos por esses artefatos se tornarão cada vez mais importantes. “Nós precisamos ter sensores de monitoramento ambiental que possam nos ajudar a responder às grandes questões referentes ao Brasil: como o clima está mudando, como a vegetação está mudando, como o nível do mar está mudando, como a linha costeira está mudando”, afirma. “Em um país tão grande como o nosso, a melhor ferramenta para monitorar a variabilidade na paisagem são as plataformas orbitais”.
Três satélites nacionais em operação contribuem tanto para a previsão do tempo quanto para o estudo do território brasileiro. Aliado à nossa tecnologia de observação da Terra, o Brasil também faz uso de diversos artefatos estrangeiros. Dois dos equipamentos nacionais são os Satélites de Coleta de Dados (SCDs), lançados em 1993 e 1998. Os SCDs compõem o Sistema de Coleta de Dados Ambientais (SBCDA), que recolhem dados de cerca de 700 plataformas automáticas de superfície, instaladas de Norte a Sul. Esses satélites registram informações agrometeorológicas, meteorológicas, hidrológicas e oceanográficas. Para o responsável pelo SBCDA no Inpe, Wilson Yamaguti, a aquisição de dados ambientais “in-situ” por meio de plataformas de coleta de dados é uma ferramenta importante para a observação e o conhecimento do nosso Planeta, com reflexos na calibração de modelos de diversos fenômenos naturais e conseqüente melhora das previsões de tempo e clima.
Mas, na sua opinião, mesmo com o número de plataformas já instaladas e em operação no Brasil, há necessidade de incrementar esse número face às dimensões continentais do País, bem como investir na reposição dos SCDs para permitir a continuidade dos serviços de coleta de dados. Por outro lado, a parte de monitoramento ambiental tem grande auxílio do Satélite Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres (Cbers). As imagens geradas pelo Cbers cobrem todo tipo de estudo que envolva uso ou alteração na superfície, seja vegetação, cidades, plantações ou cursos d´agua, por exemplo. “Uma das principais funções das câmeras do Cbers é a detecção de alterações na vegetação, particularmente aquelas mais drásticas, como remoção, mudanças fortes de uso, alterações sazonais. Como uma das variáveis importantes nas componentes das mudanças globais é o uso do território, conclui-se que os satélites como o CBERS são fundamentais no acompanhamento desses processos”, observa o coordenador do Segmento de Aplicações do Programa Cbers, José Carlos Epiphânio.
Floresta
Fonte: Coordenação de Comunicação Social da AEB
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