Roberto Nascimento
Boletim divulgado pelo Banco Real mostra que os preços da tonelada não-emitida de dióxido de carbono ou seu equivalente em outros gases de efeito estufa continuam baixos, influenciados pelo risco de desaceleração econômica e pela elevada cotação do carvão, uma das principais fontes de geração de energia. O mercado calcula que a necessidade de compensar emissões de gases causadores do aquecimento global deverá diminuir bastante, deixando os preços bastante baixos no curto prazo.
Nas últimas semanas, a cotação do allowance (negociações entre países europeus) com entrega para dezembro se manteve em torno de 20 euros. Já os preços das reduções certificadas de emissões (RCE) resultantes de mecanismos de desenvolvimento limpo (MDL) implantados por países em desenvolvimento (como o Brasil) manteve o padrão, oscilando entre 14 e 14,5 euros, também com entrega para dezembro, depois de alcançar valores proximos de 18 euros a tonelada no final do ano. "Continuamos avaliando que o mercado deverá melhorar no longo prazo, mas, como nos outros mercados, a sombra de uma recessão econômica deixa muita incerteza no curto prazo", afirma Maurik Jehee, responsável pela venda de créditos de carbono do ABN Amro Real.
Os efeitos do recém-lançado pacote europeu para redução de emissão de gases dos seus 27 países-membros ainda estão sendo avaliados. "Alguns analistas avaliam que deve diminuir a demanda por estes instrumentos, justamente quando os projetos estão ganhando força e a oferta não pára de crescer", informa. "Por outro lado, as medidas ambiciosas foram bastante elogiadas, principalmente pela alocação central e pelo começo dos leilões dos allowances, o que deve criar escassez no mercado, aumentando a pressão nos preços do allowance e das RCEs." Se as negociações definidas após o encontro do clima em Bali, na Indonésia, em dezembro, impuserem novas restrições às emissões, a demanda será maior, porque incluirá países que ainda não têm metas, além dos ajustes daqueles já obrigados a reduzir a poluição, que terão de de ajustar a objetivos mais rígidos. "Por enquanto, há pessimismo.
Além do mais, agentes de mercado são, geralmente, avessos a risco e, neste momento, as incertezas relativas à possibilidade de haver um acordo global e quanto ao tamanho das reduções deixam o mercado sem norte", diz Jehee. Em Bali, o mundo se comprometeu a firmar algum acordo global até o final do ano que vem e, no mês passado, a Europa aumentou a esperança, lançando um plano ambicioso de reduções de emissões. "Com a estruturação contínua dos mercados, torna-se cada vez mais interessante investir em desenvolvimento de projetos de MDL", afirma.
Fonte: DiárioNet
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