segunda-feira, 3 de março de 2008

Cientista defende vantagem ambiental do biodiesel

Roberto do Nascimento

Experiências com o biodiesel mostram que a adição de 20% desse combustível ao óleo diesel representa um uma redução de até 20% na emissão de poluentes, embora aumente a liberação de um dos gases, o óxido de nitrogênio (NOx) em 3%.

Como o padrão brasileiro prevê adição de 5% de biodiesel (hoje, é de 2%), o professor Francisco Nigro, pesquisador do Instituto de Pesquisas Tecnológicas da Universidade de São Paulo, um dos principais estudiosos do tema no País, afirma que o biodiesel só trará vantagens, mesmo em grandes centros urbanos como São Paulo. "O grande problema das cidades é a emissão de material particulado", afirma. E o biodiesel provoca forte redução de emissão dessas partículas no ar. De acordo com estudo Cummins, fabricante de motores, o B20 (adição de 20% de biodiesel ao diesel) proporciona redução de 20% na emissão de fumaça, 16% na liberação de material particulado, 3,9% de monóxido de carbono e 20% na emissão de hidrocarbonetos. Como há uma proporcionalidade entre a adição de biodiesel e a redução da poluição, no caso do B5 brasileiro basta dividir essas porcentagens por quatro.

Segundo pesquisas, o B5 aumenta em menos de 1% a emissão de NOx. Uma vez na atmosfera, esse gás contribui para a formação de ozônio, que irrita o aparelho respiratório. Em cidades como São Paulo, sujeita no inverno ao fenômeno chamado inversão térmica, que impede a dispersão dos poluentes, a ação desse gás se agravaria. Mas como o óleo vegetal provoca forte queda nas emissões principalmente de materiais particulados, o balanço acaba sendo bastante positivo. "O custo da poluição é muito alto em São Paulo e o biodiesel tende a amenizar isso", informa. Para o especialista, seria desnecessário fazer misturas em porcentagens diferentes de biodiesel conforme a região do País.

Nigro informou que, com a questão ambiental decidida em favor do biodiesel, outros dois aspectos devem ser perseguidos e merecer a atenção de todos os envolvidos, pesquisadores, governos, produtores, certificadoras, etc: uma cuidadosa fiscalização e análise quando o preço de produção do biodiesel cair, o que, segundo ele, pode favorecer o surgimento de produtores de baixa qualidade, e a adoção de especificações internacionais, que tornem possível o uso do produto em motores de qualquer parte do mundo. "Hoje, estamos melhores do que os Estados Unidos, mas ainda não alcançamos o padrão de qualidade europeu", afirma. A má qualidade do biodiesel pode trazer dois efeitos danosos: o mecânico, com o comprometimento do motor, e o ambiental, por acabar favorecendo uma queima irregular, com o aumento da liberação de poluentes.

Fonte: DiárioNet

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