Um estudo da Fundação de Medicina Tropical do Amazonas que aponta a reintrodução do vírus tipo 4 da dengue no Brasil causou polêmica entre a instituição, o governo do Estado do Amazonas e o Ministério da Saúde.
O tipo 4 do vírus, que não era identificado no Brasil desde 1982, foi encontrado em três pacientes examinados em Manaus, segundo relato de pesquisadores da fundação na edição de abril da revista Emerging Infectious Diseases, do Centro de Controle de Doenças dos EUA. Os testes de isolamento foram realizados na fundação e revalidados na Universidade de Porto Rico, colaboradora do estudo.
A Fundação da Vigilância em Saúde (FVS) do Amazonas e o Ministério da Saúde, no entanto, informaram não reconhecer os resultados, uma vez que não foram validados por laboratórios no País. O ministério vai enviar uma carta à publicação americana contestando a pesquisa. “O ministério vem acompanhando esse caso e foi uma precipitação dos pesquisadores divulgar esse resultado, contestado pela contraprova realizada pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz)”, disse ontem (27/3) no Rio o secretário-adjunto de Vigilância em Saúde da pasta, Fabiano Pimenta.“Felizmente verificou-se que não era o tipo 4, porque a introdução de um novo sorotipo da doença ia complicar ainda mais o controle da epidemia no Rio”, afirmou. “Nossos testes não comprovaram a reintrodução do vírus. Acho que houve erro nas análises feitas para o estudo”, afirmou Pedro Fernando Vasconcelos, chefe do setor de Arbovirologia do Instituto Evandro Chagas, braço da Fiocruz no Pará que tentou validar os testes. Pimenta, no entanto, considera inevitável a entrada do tipo 4 do vírus, que já circula em países vizinhos e do Caribe, como Venezuela, Equador e Honduras. “Pode entrar amanhã ou daqui a dez anos. Fazemos monitoramento constante das fronteiras, mas mensalmente 35 mil pessoas cruzam as fronteiras do Brasil com a Venezuela, o que nos dá uma situação de vulnerabilidade.”
Mais vírus, mais risco
O vírus 4 foi isolado com a técnica de PCR (sigla de Polymerase Chain Reaction), que consiste em analisar automaticamente milhões de cópias de um único segmento de DNA em questão de horas. Sinésio Talhari, diretor-presidente da fundação responsável pela pesquisa, reafirmou ontem os resultados do estudo. Segundo ele, a Fiocruz pode não ter encontrado o vírus tipo 4 por problemas de qualidade das amostras analisadas. “A validação desse estudo e a publicação pela revista americana são prova de que nossa pesquisa é séria.”
Fonte: Assessoria de Imprensa da UFRJ
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