Um relatório produzido pela Secretaria do Meio Ambiente (Sema) de Mato Grosso sustenta que em 89,98% dos pontos verificados em campo e apontados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) como alvo de desmatamento no estado nos últimos meses de 2007, não ocorreu corte raso de vegetação (confira ao lado a íntegra do relatório).
Segundo a Sema, as informações do Inpe com base no sistema Detecção de Desmatamento em Tempo Real (Deter) não são confiáveis para a comparação de dados estatísticos de desmatamento. “Os dados disponibilizados pelo Inpe para a comunidade brasileira carecem de aferição em campo, pois os pontos Deter inspecionados em campo revelaram, em sua quase totalidade, ser de áreas que não sofreram corte raso [desmatamento] no período apontado pelo Deter”, afirma a Sema no relatório.
A Secretaria de Comunicação do governo de Mato Grosso informou que o governador Blairo Maggi só irá se pronunciar sobre o relatório após conversar sobre os dados com o presidente da República, o que, segundo o órgão, deve ocorrer nos próximos dias. A Sema alega que, em 2007, o período seco em Mato Grosso se estendeu, o que provocou o agravamento e o alongamento das queimadas e incêndios florestais. Isso, segundo a secretaria, pode ter induzido o sistema Deter a entender que o desmatamento se acentuou no fim de 2007: “Grande parte dos pontos Deter (46,53%) apresenta vestígios de queimada, o que corrobora a tese de íntima ligação entre a estiagem, as queimadas e os incêndios florestais como fator limitante para a detecção de desmatamentos no estado de Mato Grosso no período de setembro a outubro de 2007”.
No processo de checagem dos dados do Inpe, a Sema diz que usou o conceito de desmatamento enquanto supressão total da vegetação nativa com objetivo de uso alternativo do solo (corte raso). A secretaria relata terem sido fiscalizados por uma equipe de 49 técnicos 662 pontos em 51 municípios, 19 deles presentes na lista do Ministério do Meio Ambiente, entre os 36 que mais desmataram a Amazônia em 2007. Para a Sema, a averiguação em campo invalida qualquer tese de aumento do desmatamento no estado no fim de 2007: “Mantêm-se, portanto, como válidas as taxas decrescentes apresentadas pelo Prodes [Programa de Cálculo do Desflorestamento da Amazônia] nos últimos três anos para o estado de Mato Grosso.” A reportagem tentou entrar em contato, na noite de ontem (24), com o secretário de Meio Ambiente do Mato Grosso, Luiz Henrique Daldergan, por telefone celular, mas não obteve sucesso.
Fonte: Agência Brasil
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