Roberto do Nascimento
O principal executivo da Convenção Quadro das Nações Unidas para Mudança do Clima (UNFCCC), Yvo de Boer, afirmou durante encontro em Copenhague para discutir o mercado de carbono e suas tendências para no curto prazo e além 2012 que a grande dificuldade de negociar um acordo global entre 190 ou mais países para o período pós-2012 será a adoção de metas obrigatórias pelos principais países emergentes, como Brasil, China e Índia. Para De Boer, a dificuldade não estará em conseguir chegar a um acordo, mas a algo que possa ser ratificado pelos membros por todos os países. O especialista em vendas de crédito de carbono do ABN Amro Real, Maurik Jehee, destaca que o atraso na ratificação foi um dos maiores problemas do atual acordo, o Protocolo Kyoto.
De acordo com o boletim do Real, o executivo do UNFCCC considera ser mais fácil que os Estados Unidos assumam o compromisso com reduções significativas de emissões de gases que provocam as mudanças climáticas do que alcançar um acordo sobre as metas para os países emergentes. Segundo De Boer, reduções obrigatórias dos emergentes não são "nem realistas, nem alcançáveis". Se paises como Índia, China (e provavelmente Brasil) não realizarem reduções verdadeiras, dificilmente o acordo será ratificado pelos países industrializados. O espaço de manobra para se chegar a um eventual acordo é limitado. O encontro de Copenhague deixou claro também que os projetos de desenvolvimento limpo deverão enfrentar critérios ainda mais rígidos para comprovar que estão contribuindo para a redução das emissões, a chamada adicionalidade. Como exemplos foram dados os projetos de energia renovável (eólica e de grandes hidrelétricas) na China, informam Jehee e Desiree Hanna, responsáveis pelo boletim do Real. "Existe um plano nacional de investir significativamente em energia eólica, para suprir a demanda crescente de energia na China, que não pode ser alcançada com o carvão somente, apesar de ser mais barato", afirmam.
"Vamos ficar de olho nas próximas reuniões, porque se a tendência se confirmar, obviamente pode haver um impacto para projetos brasileiros também. Sabemos que a maioria dos projetos de energia renovável no mundo tem seu retorno interno elevado com a venda de crédito de carbono, mas comprovar que o projeto somente existe graças ao MDL é obviamente bem mais difícil." Foram mencionados ainda outros critérios socioambientais, como as restrições para projetos de reflorestamento e hidrelétricas acima de 20 MW. Critérios mais rígidos da Comissão Européia ou impossibilitam ou dificultam a venda de reduções certificadas de carbono desses projetos na Europa. "É um direito de cada membro definir critérios adicionais, mas obviamente do ponto de vista do mercado seria mais eficiente se todos os critérios fossem alinhados e definidos no âmbito da UNFCCC", observam.
Fonte: DiárioNet
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