Roberto do Nascimento
O Brasil vai antecipar etapas na adoção do biodiesel, como usar a mistura de 3% ao diesel (B3) a partir de 1º de julho. Mas, por falta de alternativa, a soja será pelos próximos anos a principal fonte de matéria-prima. Hoje, cerca de 85% do biodiesel produzido no País vem da soja, apenas 10%, do sebo bovino e o restante de mamona, dendê, girassol e outras oleaginosas.
O diretor executivo da União Brasileira do Biodiesel, Sérgio Beltrão, afirma que essa dependência de uma commodity como matéria-prima traz o inconveniente de altas de preços que podem tornar a produção do biodiesel inviável economicamente para os produtores. De acordo com a Agência Nacional do Petróleo (ANP), a previsão inicial para atender ao B2 era de 880 milhões de litros de biodiesel. Com a mudança, será necessário 1,248 bilhão de litros. "Os próximos leilões, para compra de 660 milhões de litros, agora em abril, tiveram a entrega antecipada para apenas três meses, exatamente para tentar evitar um prazo muito longo, como nos leilões anteriores, que sujeitava os produtores a grandes variações de preços da matéria-prima", diz Beltrão. O fornecimento para aumento da adição de 2% para 3% de biodiesel está garantido, informa.
Por falta de volume de produção e logística das demais matérias-primas, a soja deve ser a principal fonte ainda por cerca de cinco anos, acredita Beltrão. "Tudo vai ser feito como já ocorreu com a soja, mas as outras oleaginosas ainda dependem de mais estudos, de novas pesquisas e de uma logística que ainda não têm." O Instituto Nacional de Tecnologia (INT/MCT) apresentou esta semana as vantagens econômicas e e sociais do biodiesel. Segundo o agrônomo Almir Monteiro, do Centro de Tecnologias Estratégicas do Nordeste (Cetene/INT) o projeto abre uma cadeia produtiva capaz de gerar trabalho e renda para muitos agricultores, além de poluir menos que o diesel convencional. O Cetene já produz biodiesel com óleos de diversos vegetais da Região Nordeste, como o algodão, pinhão manso, oiticica, dendê, girassol, mamona, entre outros, na Usina Piloto de Biodiesel no município de Caetés-PE.
O próximo passo será a instalação da Usina de Biodiesel Serra Talhada, com capacidade para produção de 3 milhões de litros por ano com a qualidade especificada pela Agência Nacional de Petróleo (ANP) e a produção associada de 300 toneladas de glicerina para uso farmacêutico.
Fonte: DiárioNet
Nenhum comentário:
Postar um comentário